Não há um meio correto de se começar isso. Talvez se deva contar a partir do último episódio.
Algo sombrio estava surgindo naqueles dias. A dor que consumia a cabeça, nem o deixava pensar. Mais um emprego que escorria pelas mãos, mais um sonho que ele abortava.
Andava pelas ruas sem rumo, não sabia o que diria mais tarde na república. Os vencimentos do mês batiam à porta e nada de dinheiro.
“Se eu tivesse uma oportunidade real, poxa... Resgataria muitas coisas, muitas coisas... Vivo sempre à sombra de Deus”
O centro da cidade estava movimentado, o Governador inauguraria uma ponte que já custara milhões à viúva.
Mesmo estando com apenas R$ 5,00 no bolso valia a pena uma coxinha com laranjada... Qualidade duvidosa, mas enfim, eram tempos difíceis e exigiam medidas cabíveis. Comer todos os dias daquela forma não representava saúde pra alguém criado com frutas, cereais e doses cavalares de leite e vitaminas.
Se acostumar com bonança é fácil,; moleza, mas roer os ossos da vaca magra era digamos, terapêutico.
Alguns carros da PM rodeavam o centro da cidade, notava-se um grande aglomerado de imprensa, curiosos e policiais, havia uma impressão de estar num filme, todos aqueles carros; homens armados olhando as pessoas como se caçassem alguém.
Já caminhava pra casa, afinal de contas aquilo não o seduzia, afinal de contas estava fudido e mal pago e ainda por cima começava a chover... Alguns fogos explodiram, nessa altura já se “cortava a fita”.
deve continuar...