Quem sou eu

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Brazil
Um Rei sem reino num mundo sem janelas, vivendo e mastigando a carne podre da rotina.

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Ocultação

O almíscar viaja com a brisa...
Exala de lá, como se pedisse ajuda;
Me observando para depois do jantar.
Mandando sinais abafados pela carniça;
Aqui dentro o ovo fritando; Nosso café amor...
Seu corpo se vai... O retrato na mesma parede;
Mostra a minha loucura...

quinta-feira, dezembro 17, 2009

A Saudade Que Vou Sentir

Sentiu aquela brisa batendo na porta?
Entra pela fresta, refresca o nosso canto...
Não se revele tarde demais, não temos o mundo nas mãos;
Temos as mãos amarradas.
Sente minha mão na sua?
Não te vi florida, sei o quão bonito deveria ser.
Ainda me cativa, mesmo eu não querendo.
Fala das reuniões; De seus dias distantes.
Pede em segredo coisas que não devo fazer.
Pede novas cartas para guardar em seu bolso.
Desabrocha.

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Na Parede

Batom vermelho não me ilude.
Tão longe de onde queria estar...
Ladrilhos beges, em xadrez...
Suas jogadas não cessam meu avanço.
Unhas bem feitas podem me distrair,
Não quero dançar, nem me enganar.
Olhar baixo de quem ataca,
Pelas costas? No abaixar das armas...

terça-feira, dezembro 15, 2009

Os Métodos de Alan Robert

Corta a navalha, cega a doce criança...
Planta a discórdia entre canteiros.
Serra as pernas, encaixota seus sonhos...
Mãos cortadas... Mãos aplaudem.
Na terra dos ventos, a falta da Morena do sul.
Canta por bandas sem tom,
Corre por mares sem cor,
Seus cabelos azuis marcam o prefácio.

domingo, dezembro 13, 2009

Baixo

Espera que as flores fiquem como estão?
Espera por coisas na janela, coisas que não virão.
As mesmas paradas... O mesmo final após a baliza.
O estandarte amarelado...

O tempo lhe cobrou aqueles dois anos?
Pendurada na parede junto ao balcão bordô.
Sem força pra remar escorada lá fora;
Seca e amarga como o mundo em que mergulhou.
Cava pro fundo, se acaba, se esvaire.

sábado, dezembro 12, 2009

Afago

Tudo é muito cru e ainda corre dor daí.
Não vou medir nem calcular o teu pesar.
Essa saudade vai passar, agora ou mais tarde.
Sem rimas, nem precedentes de “um sorriso voltar”.
É bom mentir e fingir.

segunda-feira, novembro 23, 2009

Samba do Desespero

Com o rabo entre as pernas,
Pedindo ajuda no atacado.
Sujo e tolo... Morto e vivo.
Pelas frestas; marginal sem dó.
Estenda Vossa mão, atenda mais um...
Poderia mudar, e não rimar com só.
Muitas chamas nos iluminam.
Acredito em Você. Quando preciso.

Perpétua

As velas se apagam, ao passar do vento.
Bendita dor, maldita flor...
Naquela caixa; meus sonhos, minha índole.
Apodrecem em algumas horas... Sem mais.
Vocês todas, todas juntas... Combinaram tudo,
Várias prendas, várias doses...
Vadias apaixonadas, entregues ao léu...
Mastigam o fel, acreditam no falso véu.
Naquela caixa, a minha pena está.
Condenado sem provas, antes mesmo de qualquer crime.

fraco frasco

Não me cobre pelo tempo longe;
Nem pelos dias em claro, por suas tranças cortadas.
Não lhe devo mais explicações; versões.
Não sonhe comigo a desferir facadas...
Não me procure com aquele vestido.
Florido como o diabo.

segunda-feira, outubro 19, 2009

Catálogos

Doce e singela sombra das trevas,
Carnificina direta na carne...
Pele morena; cheirosa.
O gume nas entranhas...
Tiro dele, o que não fora meu...

Suas fotos penduradas,
Grampos enferrujados... Imundos.
O dourado não é nobre,
Meus motivos são os mesmos.
Aquele vestido tingido.

P.T.

Explanei uma coisa... Já empoeirada.
Meu tempo se existiu, passou.
Dispensei meus santos... Meus joelhos cansados.
Nosso amor morreu há tempos...

Suas fotos nas vitrines, a chuva leva...
Muito mais que a tinta da minha calça,
Muitos mais que o resto de dignidade.
Não condene meus dramas.

Explanei uma coisa, mas você se esqueceu.

sexta-feira, outubro 16, 2009

Mea culpa nº 2100

Anos de destruição, nós esperamos.
Datas grifadas no calendário;
Temi tantas coisas, por tanto tempo.
Meus medos sem sentido.
Ainda não creio numa volta.
Ainda lamento aquela noite.
Estou enterrado contigo.
Morto por dentro. Dilacerado, sozinho.
Mais uma vez, essa passagem eu cito.

quinta-feira, outubro 01, 2009

Pó de Giz


linda como uma facada no peito...
a morena me olhando, sorrindo com minhas convulsões...
quadris largos, de parideira...
doce vadia, canta a canção...

quarta-feira, setembro 23, 2009

eu tinha uma morena

Meu querer bem, meu amor insólito...
Não quebra nos rochedos igual o mar,
Avança pela praia, por suas coxas.
Mesmo que não esteja a me olhar.


Minhas vontades sufocadas, voam alto.
Pra longe da esquina; da rua de baixo...
Meu amor, minha Morena caracol...
Voa pra mim, balançando seus cachos.

As ondas não param no pier, por ele deslizam...
Meus desejos não cessam aqui,
Estou indo ao teu encontro...

quinta-feira, setembro 17, 2009

A. F. Q. T. Chá

Conta a história que era assim;
Nos bares, nas varandas... Sempre...
Mãos no queixo, vestidos floridos.
Olhando os outros, acolhendo estranhos.
Seus sorrisos vermelhos, ensolarados.

A fraqueza (minha), visível nos quadros.
Ainda assim, remo. Sigo a seta ao abismo.

domingo, setembro 13, 2009

Ana e Hilda

A morenice me abandonou;
Foi para o mar, de lá ela é...
Sugou meu amor; se foi...
Morena de lentes, avista tudo e todos...
Meiga comigo, mas se foi...
Não espero mais no portão,
Ninguém dobrará a esquina,
Só deixou o espaço;
Só o buraco dentro de mim...

segunda-feira, setembro 07, 2009

263 ORGASMOS

Tantos cabelos, tantas mulheres...
Não choram por crápulas.
Estão em elevadores, pelas ruas; nos bares...
Procuro palavras, ações pra definir...


Tantas cartas trocadas...
Ainda um medo por aqui,
Tantas coisas, tantos dedos...
Quero cuidar de alguém,
Que aqui não está...
Longe do meu mundo, do meu reino.


Não estou em suas gavetas,
Não estou mais só, aqui...
Corro por fora, para chegar ao pote...
Aos cabelos brancos que ali na esquina me esperam.

domingo, setembro 06, 2009

22:50

Estou aqui, pensando coisas.
Não vou avisar, nem premeditar.
Seu domingo foi ruim?
Tente me assustar, não vou embora.
Leia a bula antes,
Sua doçura sufoca o féu.
O andar desinibido; As idas ao mercado.

sexta-feira, setembro 04, 2009

Mãos Atadas

Não acredite em mim...
Sempre é com negação,
Mas é só assim que consigo vomitar...
Essas falas falsas do coração.


A sigo pelas ruas, a cada esquina me escondo.
Do que planejo lá adiante,
Vendo seus livros, sua mochila pink...
Esperando uma brecha,
Pra uma abordagem infante,


Doses de Blues, nas tardes distantes;
Não durmo mais, não sinto mais...
Vai me emprestar seu Kerouac?
É a desculpa que preciso,
Pra sentir seu hálito tão perto.

quarta-feira, setembro 02, 2009

Vontade de te esquartejar enquanto Cantrell sola

Um tiro no ouvido, resolveria tudo?
Um pano limpo... Vermelho, ali no chão...

Branca; lésbica.
Levou tudo dele...
Suas moderações, seus moderadores.

Não como mais defuntos,
Estou limpo há duas semanas.

domingo, agosto 30, 2009

Geraldo

Augusto seguia firme em suas metas para o ano novo; a lista de sempre no armário da cozinha. A semana estava difícil; problemas no trabalho, intimações cobrando comparecimentos, contas atrasadas, a energia estava por um fio literalmente.
Não era a vida esperada por alguém que anos antes era bem cotado em todos os “setores” da vida, como ele mesmo falava. A louça em cima da pia, alguns restos de marmitas pela mesa, um pé de sapato ali, outro aqui... Homens geralmente são desorganizados, contrários a faxinas, vassouras...

(...)

Descendo aquelas escadas úmidas, quase escorregou na afobação de um encontro depois de anos-luz de solidão.
Não esperava por alguém tão jovem, ela não aparentava mais de 22 anos, estava sentada, folheando um guia de tv a cabo... Cabelos ora pretos, ora castanhos na altura dos ombros, pele sardenta...
Augusto se aproximou rodeando o banco e pensando o que falar:
- Olá! Acho que você é a... – Num instante, fora interrompido:
- Sim, sou a Sabrina... Como vai você?
- Pra falar a verdade, meio confuso com essa situação.
A “situação” em si era complicada, uma moça mais jovem, um problema a ser resolvido, além de uma atração mútua no ar, no entendimento dele é claro. Sabrina não era o tipo “gostosa”, mas possuía um charme incomum, era de altura média, bochechas vermelhas, unhas bem feitas, vestia calça jeans surrada e uma jaqueta preta com camiseta branca por baixo, trazia consigo uma mochila em tons de cor militar.
- Te entendo Geraldo, o problema é que também sou vítima dessa situação, como você mesmo chamou o problema.
- Não tô jogando a culpa em você, mas você sabe né...
- Sabe o quê?
- Te conheci numa sala de bate-papo, tava meio bêbado, daí eu achei que...
- Ah sim, não precisa terminar... Esqueça isso, sou resolvida...
Após alguns instantes de conversa, o clima antes calmo, se tornou mais denso, com esquivas tentativas de Augusto na aproximação com a moça. A jovem sardenta logo foi ao ponto, e questionou sobre o que seria Ettus.
- Não faço idéia, só tomei conhecimento disso através de você.
Sabrina já nervosa o entregou um desenho primário:
- Não sou uma artista, mas dá pra entender...
- Como eu disse, não conheço esse tal Ettus, minha intenção era só um encontro...
- Assim fica mais difícil... Não haverá um encontro sem me dar informações... – Sabrina havia se comprometido a dar uma colher de chá ao rapaz se ele ajudasse em sua tal pesquisa. O cheiro do perfume barato da moça mexia com a imaginação do cara.
- Entendo você, mas realmente esse assunto não me interessa. Tive, recentemente, problemas com a Polícia e não quero mais confusão. Vasculharam a minha vida por causa de um bilhete...
- Fique tranqüilo, Augusto!
Choveu por vários dias, a cidade estava coberta por uma cortina de neblina. Faziam 12º C conforme o relógio da praça informava. Em frente a eles, haviam um bar desses em que os jovens descolados da cidade se encontram. Lá dentro a névoa do cigarro predominava. Augusto pensou em convidá-la, mas não tinha coragem. Definitivamente seu tempo havia passado.
- Bem, acho que eu vou indo... Está tarde!
- Onde estão os seus modos Augusto? Não vai me convidar pra um café...
- Só tem um bar ali né... Se não se importar – disse Augusto com um riso na face.
Os dois se levantaram e atravessaram a rua. De mais perto a névoa parecia mais densa, muitas moças dançando, alguns caras na porta fumando e com um drinque qualquer na mão...
Não havia um lounge, só amontoados de mesas e um pequeno palco onde três caras tentavam um Plush, do Stone Temple Pilots. Augusto pediu uma cerveja e perguntou se Sabrina o acompanhava...
- Prefiro um Martini, Gú... Posso te chamar assim?
- Sim, sem problemas...
Bebida servida, ali começava um hiato na conversa. Por dez minutos nada foi dito. Os dois ali de costas pro balcão, olhando para o palco... Dessa vez a banda tirava Boys Don’t Cry do The Cure.
Sabrina era controversa, em alguns momentos parecia estar flertando; outras saia totalmente do ar. Já passavam das 00:15 hs, e Augusto já estava entediado.
- Sabrina! Eu recebo essas mensagens desde janeiro passado.
A moça já batia palmas com as baladinhas executadas...
- O que você disse?
- O que você ouviu... Recebo mensagens há oito meses. Não sei de onde veio, mas isso tem me causado problemas.
- Ué, mas você deveria ser mais cauteloso, no primeiro bilhete que recebe já quer parar o mundo. Mas entendo a agonia, por isso quero te ajudar... Mas agora vamos curtir a noite. – Sabrina deixou o copo no balcão e foi dançar.
Augusto permanecia imóvel, já na 4ª cerveja, mais à vontade resolveu aproveitar aquela noite, a primeira em muitos meses...
Relógio despertando, lá fora o barulho dos carros anunciavam que o dia amanhecera. Uma dor de cabeça terrível, uma vontade imensa de um copo d’água...
Augusto ali na pia do banheiro, olhou pela janela e via o mundo acordando guardou sua escova de dente no armário, muito sujo por sinal, conferir a barba por fazer e pensou na noite anterior...
“Menina linda aquela... Pena que você foi burro”.
Enquanto caminhava para a cozinha, algo lhe chamou a atenção...
- Peraí, ela me chamou de Geraldo?

sexta-feira, agosto 28, 2009

Andante

Felicidade passa na rua debaixo;
Portas abrindo ao teu sorriso.
Ouço o salto alto, o zíper abrindo.
Deixa pra lá, a minha eu laço.


Felicidade passa por mim;
Sinto mas não vejo,
Vejo meus erros ainda aqui,
Sua calda azul... Sem rastro.


Preciso disso.

quinta-feira, agosto 27, 2009

A falta que você faz

Quantas cartas?
Quantas madrugadas?
Quantas árvores e abismos?
Quantos mistérios;
Serão necessários... Para uma nova carta?


Anônima como a estrela,
Que brilha por lá, não mais aqui...
Não precisamos de coragem,
Nem de vidraças atiradas em pedras..


Sinto falta daquela prosa.

terça-feira, agosto 25, 2009

97 cartas e um funil

Tantos espinhos, tantos perfumes...
Estou lendo e não percebo;
Nas entrelinhas a gentileza...
Que planto tão bem, mas colho só a semente.
Tantas letras agrupadas, e não formam a trilha.


Pedaços de carne; pele morta.
Ficam nas paredes, nas entranhas do abismo.
Refaço quadros, reviro minhas caixas.
Rego a flor na tela; ela não é minha.
Leio 97 cartas... Você em todas;
Hálito doce, voz suave que ainda ouço aqui.

quinta-feira, agosto 20, 2009

Violão de Nylon

Sexta se aproxima, como o esquecimento...
Sexta chance eu tenho, para manter o pensamento.
Sexta se aproxima, logo na esquina...

Sem espaço para correção,
Sem margem de erro,
Uso a rima do refrão.

domingo, agosto 16, 2009

Seus Limites

Você fala das coisas, cita tantos profetas...
Antigos, passados... Em demasia; esquecidos.
Mas me cobra respostas, que procuro aqui.
Não seja a vidraça, não a culpe...
É só uma passagem; uma etapa.


Tire esse peso daí, você é a mais linda;
Não tema o outro lado, pode ser só um começo.
Esqueça o oásis, esqueça as canções.
Jogue seu olhar debaixo do tapete,
Migalhas que sustentam nossos medos,
Nossas manhãs em claro... Nossos beijos sem fim...


A coragem é a pedra, o limite a vidraça,
Espere o dia amanhecer, falta pouco...
Talvez seja apenas uma janela.



dedicado a um elfo, um anjo que numa manhã me acordou.

sexta-feira, agosto 14, 2009

O vento da fortaleza

Leva a noite e a sua sombra.
Leva meus sonhos e planos...
Leva seus quadris, leva seu suco.

Leva o tempo, a minha lista.
Leva meu ânimo, meu fôlego.
Leva a Morena descalça,
Leva ele dela, ela de mim...

Leva a visão do surdo,
Leva a matriz do mundo.
Leva meus dias...
Levo um tempo pra assimilar.

segunda-feira, julho 27, 2009

Abismos

Que bom teus olhos sorrindo...
Que bem maior eu estar na lembrança.
Viajo tão longe, vou até o fim do horizonte...
Procuro lá uma boa viagem,
Uma companhia que me faça pensar...
Nas tardes frias na beira do mar.

Sem você.

quarta-feira, julho 15, 2009

Sua Gorjeta

Quero falar das sombras, das trevas perdidas num copo de maria-mole...
Matando o fígado, dissecando qualquer sonho meu.
Cobro quanto por esses sorrisos amarelos? Falsos feito o diabo.
Passe o recibo, deixa o Canhoto cobrar mais tarde...
Pendure em pregos, em paredes sujas...

Úmidas

Quero falar das doenças, das mazelas tão cantadas;
Rendem sucessos a todos. Mas ninguém me chama pro café...
Nas reuniões regadas por falsos profetas..
Queria ser o do retrato, bonito e limpo.
Na lápide mais tarde, veja meus poros, cheios de você.

Quando eu morrer quero ser feliz no inferno.

sexta-feira, junho 19, 2009

77% ALCANÇADO

As mesmas barras sujas de orgulho,
Dobradas pra dentro, escondendo a situação...
A deriva em que encontrei novas canções.
Não como os fanáticos da tarde...
Os jovens que ali caem, sobem por dutos...
Pra onde for a Bela formosa, antes do demônio...
Sua felicidade falsa, graça alcançada.

Meus demônios não têm preço, nem coragem.
São como o brinde que acompanha o lugar comprado,
Junto ao meu próprio Deus forte,
Que criei numa tarde, enquanto te esquartejava da minha vida.

quinta-feira, junho 04, 2009

Jamais

Jamais pensei em estar do teu lado,
Por razões claras e definidas,
Você me disse hoje, confirmando,
Sua devoção ao outro que mata,
Todos os dias, aos poucos.

Jamais sonhei com seu cheiro,
Por razões de distância e solidão,
Você pede coisas, que busco em torres altas,
Morrendo esquecido em horas...


Jamais hoje, senti sua falta.

sexta-feira, maio 29, 2009

Para Uma Maria Triste

Aceita ouvir uma declaração?
Antiquada como novos boleros...
Dramáticas, melosas...
Trágicas como o revés que tenho,
Todas as vezes que busco seu olhar triste,
Cabelos negros como as minhas trevas,
Trevas lindas, onde sou feliz.
Aceita ouvir um consolo,
Simples e direto, partindo de um tolo...
Apaixonado e cafona,
Como um bolero do Gardel.

Uma Terça Parte Da Dor Sem Fim E Precoce

Não faça de mim mais um erro,
Não sou o seu espelho quebrado,
Nem seu dia perdido... Por outro perdoado.
Saia daí, o sol está aqui... Todos dizem isso.


Só seus cabelos negros, me dizem,
A chantagem matinal, o mesmo copo de café.
Por sobre minhas tentativas ilegais,
Quebrando regras alheias.
Eu seguro sua mão, enquanto sangra o que pode.



Não sou ele, não faça contas;
Meus números divergem,
Das suas dores exageradas,
De seu atraso eterno.
Dos seus erros que compartilho.

quinta-feira, maio 28, 2009

Nº 11

Você é o barco no horizonte...
Distante de qualquer pensamento;
Distante do meu porto,
Podre nas beiradas, sem cais.
Você é a flor morta num vaso;
Esquecido na estante,
Sem cheiro, sem cor...
Esse trágico jeito de mirar,
Por esses olhos pretos,
Pedindo uma lição.

segunda-feira, maio 18, 2009

Seu Segundo Delírio Meu

Estarei com você nessa tarde,
Seja numa mesa, ou em pensamento...
Pra pular muros altos; só nossos.
Pra enfrentar o que existe,
Só em meu mundo triste.


Peço, espero o dia atrás;
Uma data apenas para a mão...
Num embalo infantil, de ti cuidar.


Estarei com você nessa tarde,
Sem estancar, ou amenizar...
Nossos muros altos, esverdeados...
Que protegem o que não existe.

sexta-feira, maio 15, 2009

Nº 87

Não pense num desafio...
Uma queda de braços...
Sob lençóis imundos... Sobre assuntos falsos...
Inúteis razões, de um dia da semana passada.


Não há vencido, nessa perda minha...
Perco bem, pois sou assim...
A vitória me assusta,
Ter você só minha, na próxima quarta.


Na direção que vou, só um fim me aguarda.

Marga...

Pode ser sobre a moça da esquina;
Sobre a moça dos meus antigos sonhos...
Sobre a moça do banco ao lado...
Sobre a moça e seu par ímpar...
Sobre a moça e minhas vontades.
Sobre a moça e suas mãos na cintura,
Sobre a moça e seu sorriso, jamais meu...

quinta-feira, maio 14, 2009

nº 5

me ajude a amar alguém...
melhor que eu posso ser,
mais forte do que possa querer...
mais linda do que nunca eu vi...


me ajude a quebrar a rotina,
na sua pele branca,
em sua boca vermelha...
intensa, enfeitiça minhas armas.


te esquartejo em tentações do demônio.

terça-feira, maio 12, 2009

Extrema Unção

Me sinto triste nas manhãs;
Seco nas tardes de ventania...
Me sinto velho diante das janelas,
Que abri pra espantar a solidão.


Procuro meus dados;
Informações tolas que eu guardo.
Anotações em blocos;
Dúvidas em pilhas de nervos.


Seu lugar na mesa, ainda vazio...
Para sempre eu morto por dentro.
Numa amargura que nutre meu ego.
Numa armadura frouxa...
Que te matou antes de tudo.

segunda-feira, maio 04, 2009

Sabor Abandono

Confesso que tava atraído...
Por sua voz nunca ouvida,
Faz mal não, represo meus desejos...
Não é a primeira vez, que caio.


Confesso que percebia coisas novas;
Que senti por último em 112 dias intensos,
Mas lá atrás, num verão bom.
Não hoje, nas trevas pegajosas.


Que o diabo a leve embora,
Antes de uma nova queda,
Em seu colo doce...
Sabor abandono.

Minha Última Morte

Seria épica... Caindo de um prédio.
Seria dramática... Um câncer me consumindo;
Como o bicho faz com a maçã,
De dentro pra fora...
Sem tratamento, sem fundamento.
Desabrochando de uma vez, como uma flor da manhã.


Seria fantástica... Uma doença inédita.
Seria heróica... Baleado num assalto;
Salvando a Morena que desce a rua...
Saltando em direção ao projétil...
Em câmera lenta, em plano americano.


Seria real... Esquecido num quarto;
Numa cadeira de rodas; sozinho.
Um fardo falido... Pesado demais para meus amigos;
Amigos?

Novas Mudas

Penso em novas mudas;
Pra esse inverno ali na esquina
Novas roupas, a mesma jaqueta de antes...
Surrada com cheiro de ontem...
Duas balas no bolso de dentro,


Crio novas mudas na sacada,
No guarda-roupa um pedaço seu.
Na janela, a mesma mancha de solidão.

Mensagem Falada

Mas ainda tento coisas novas...
Naquela tarde que copiamos,
Copiamos nossos sonhos idiotas.
Mas ainda procuro sensações;
Novos caminhos pra lugares antigos...
Hoje tento novas canções,
Sem letras, com arranjos escondidos.
De flores murchas, roxas.
Mas ainda vou tentar...

Apenas as mesmas...

E as palavras no fim de tarde?
O que faço com minhas marcas?
Aquela feita pra nunca mais?
Vejo os seus sonhos, mas e você?
Daquelas manhãs doces, ainda é a dona?
Tenho hoje a sensatez que me pedia?
Repetidas, repetitivas, mas e as que sorriam?
Como eu naquela esquina?
Com flores na mão?

segunda-feira, abril 20, 2009

Aquela No Espelho

Conserva meus passos,
Rima com tudo, como nossos espinhos;
Faz sempre daquele jeito...
Daquelas maneiras más,
Não gosto do teu jeito, nas manhãs de sábado.
Me faz perfeito, nos faz um só...
Cheios de defeitos nossos, só nossos.
Se você soubesse de tudo,
De tantas coisas inúteis,
Das regras que insisto em explicar.
Conserva meus antes e depois,
Meus passos em falsos,
Até aquela flor velha...
Eu colhi quando você virou as costas...
Conserva meu filho.

sexta-feira, abril 17, 2009

O Assassinato De Qualquer Uma

Acabo com você...
Hoje, depois da última.
Tiro esse sorriso da face;
De caça, faço você vítima.

Por toda parte, partes suas...

quinta-feira, abril 16, 2009

Desinfetante Sabor Lavanda

Onde guardo o terno?
Os planos quase perfeitos?
Meu pedaço de torta no forno?
Entendi, num buraco escuro...
Onde escondo as provas?
De uma cena nunca vista;


“Insista, insista”, ela me diz...
Em madrugadas pela rua;
Se escondendo procurando...
Conveniências, conivências.
Sou fraco nas imaginações,
Onde guardo minhas concessões?
O cheiro me esgana, me fascina.

quarta-feira, abril 15, 2009

Morena Caracol

Mais tarde vem esguia, amendoada;
Sobe e desce meus sentidos;
Por agora penso num fim...
Daqui de longe,
Não se ouve seus gemidos;
Escuridão parcial; trevas remotas...
Volta e meia, meia volta...
Não descrevo, nem leio...
Espero você desarmado.

Mulher Infinita Ladra e Fugitiva

Num graveto seco lhe transformo,
Em cinzas num domingo qualquer.
Pego com a mão a solidão...
Numa estrada sinuosa,
Faço de você novas amigas,
Num pedaço de carne,
Transformo a vida em volta.
Num graveto seco, como ela...
Em sonhos vespertinos.

terça-feira, abril 07, 2009

Morena Descendo A Rua

Deitada na cama...
Pedindo água...
Olha pra rua, lá seus amigos.
Levante-se, nó frouxo; premeditado...
Você foge e sempre volta;
Com marcas na vergonha.
Nem saio daqui, o dia passa rápido...
Ao cair da noite, sempre um embrulho...
Na porta entreaberta...
O jornal, a parede úmida...
Você sempre linda, sufocada...
Me pede água,
Só nós dois agora, só nós...
Tenho planos maquiavélicos,
Pra suas canelas morenas...
Logo nossos inimigos,
Meus por enquanto...
Lá fora, luzes e sirenes.

sexta-feira, abril 03, 2009

Ele

Não faça comparações;
Só me escute...
Nesse dia ruim, pernas pesadas.


À noite vi meu espectro.
Correndo por abismos,
Querendo ser Ele,
Sem ter a mesma causa.


Não faça comparações;
Daqui de baixo, ouço seus carinhos.
Eu queria, acredite...
Te mostrar o segredo da máscara.


À noite vi meus passos,
Ninguém lembrará amanhã,
Minha cartola não gera coelhos,
Ternura, que nem eu creio mais...


Fraqueza, perto de gigantes...
Tenho medo de ratos,
De brechas na vidraça...
Do vento que levou meu menino.

quarta-feira, abril 01, 2009

Codinome Traição Virtual Induzida

assisto, enumero...
canetas se foram...
tintas azuis tomam nota...
caindo... embaixo vejo.
suas penas soltas,
caminha pela rua.
suavemente engole sapos;
sujos em vão... pagam você por isso.


cadela...

Code Induced Virtual Betrayal

montre, désigné ...
stylos ont été ...
peinture note bleue ...
tomber ... voir ci-dessous.
perdent leurs plumes,
marcher dans la rue.
doucement avaler grenouilles;
sale, en vain ... des frais pour vous.


salope ...

terça-feira, março 31, 2009

Sob Todos Vocês

Cubo gelado, a faca não corta...
Estilhaça aos cacos, mas não dói.
Chore pra dentro, regue a alma.
Torne-se oco... O suco não flui.


Assim...


Espere por sua queda.
Você e Deus num duelo;
Ele vai ver só.


Carne podre, imune as moscas;
Ao ócio da morte que adiante chega.
Chore pra dentro, sem gosto pra eles.
Da espada que destrói... Meu gume cega.

1ª Leitura

Sinta vergonha das passagens;
Nem tão gloriosas;
Escondidas, subterrâneas.


No seu almoço,
Na leitura dominical,
Todos te olham,
Admiram no pedestal.


Tenho outra...
Aspiração assassina.

sexta-feira, março 27, 2009

Retrato

Ela me mostra você;
Nesses lugares montados,
Falsos, em vão fotografados...
Desinibida, fogosa.


Vulgar como naquela tarde...
Eu comi féu por aquilo,
Hoje vejo tais cenas.
Sempre falando com os outros,
Seus novos amigos.
Dilaceram o que toquei,


Vejo ela... Penso...
Em você tomando formas,
Parecidas...

quarta-feira, março 18, 2009

Ela! Ali!

Vejo às vezes uma morena,
Descendo a rua...
Canelas finas, cabelo de caracol.
Chata, não me vê...


Olha pra frente, esguia...
Pedala pra longe,
Das minhas mãos, do meu querer...
Foge dos meus bregas elogios.


Quase um maníaco...
Penso em crimes;
A cometer numa tarde.

segunda-feira, março 16, 2009

Minha Segunda Morte

Siga a seta; se aproxima
Logo ali, depois da chuva;
Chega mais perto, silencioso.
Manso, rema ao sereno.

O silêncio anuncia...
Roubará seus sonhos,
Minhas metas do ano novo.
Leva você de mim.


Ali na rua, estirada.
Caindo da escada,
Uma vida projetada.
Levará você de mim.

terça-feira, março 10, 2009

Sem Jeito Pra Cantar

Toca o barco;
Contra todos, e nós...
Achamos o ouro,
O outro de nós...


Perdido ao vento, ao rio sem água...
Vamos tocando, rodando...

sábado, fevereiro 28, 2009

O seu último depois do hiato...

Perdi, os reais...
Valores que haviam no molho.
Caldo grosso e sujo.
Me envolveu, me soterrou.


Outra palavra, outro termo.
Fique com a sua,
Sua casta branca,
Sua raça.

Desintegre, morra com seu cão vermelho.
Impotente, Velho.
Deixa o andarilho,
Caminhar sobre penhascos... Feliz.


Sim, estou feliz sem você.

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

pela janela do inferno

desce seus fardos;
o mais pesado sou eu;
vadia pelas ruas...
chama por outros,
embebida em luas
a pressa em morrer.

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Mulher da Fotografia no Túmulo Azul

Meus vícios, baratos de um tostão...
Corro pelos cantos, seus encantos...
Volto ao mesmo ponto,
Sua ironia cheia de razão,

Mais rabiscada que antes;
Me mostra barbitúricos.
Faz isso por eles,
Inúteis professores de sei lá...

Me diga, de suas águas caldalosas,
Em qual poço fundo que me atirou,
Olha de lá com sua boca grande.

Sei de suas viagens;
Aqui diz outra coisa,
Outro ponto...
Fotos suas com ele, cheios álbuns.

Esvazie suas gavetas.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

M.n.p.e

morra com seus rabiscos;
seus óculos grandes;
pin-up magrela...


sua frases feitas;
seu rabujento cão...
seus amigos excluídos.


morra longe mim,
antes que meu peito,
precise de você.

Saudades

Me benzo; peço forças...
Fujo do teu rosto,
Canelas finas, esguias...
Me chama num código,
Intriga tudo à volta...


Me excita, me deixa...
Manhosa se esquiva...


Me rega e me poda

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Alice Me Perturbando

velha pra andar, pra sorrir?
desperta fetiches em mim;
em minhas calças surradas...
levante dessa cadeira;



num milagre, afague meu rosto.

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Uma Impressão

vazia, desce sobre as nuvens;
serena e eficaz;
em seus planos de açúcar;
fala de criança, mostra as fotos...

se revela a mim; num riacho...
que eu vejo, banho e bebo.

vazia, desce sob os outros;
mostra a força e estanca;
os rios de sangue;
em que desaguam minhas vontades.

terça-feira, fevereiro 03, 2009

a primeira última vez

terminando a mala; viagem longa!
sabe disso? da exclusão, do seu mundo!
ficou algo na pia, não olhei.
algum apetrecho imundo;
aquela escova velha, sebosa.
com seu hálito doce.

doce que não tiro da boca;
de dentro das calças.
vá minha amiga, volte pra lá.
o que ficar, te mando depois,
dentro daquela mochila.

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Março de 1980

Não dará um tostão por isso;
Num futuro próximo.
Esguio, olhos surrados...
Me guia ainda pelos tesouros;
Me mostra a esquina,

Sei que estaremos bem,
Juntos, e mais fortes...

Ela não te levará;
Tão cedo espero,
Preciso mostrar que mudei.
Que o investimento valeu.

quinta-feira, janeiro 29, 2009

hemisfério celestial sul

hoje perdi meus dedos,
indicadores, médios...
tocos, restritos a toques.
notei em meus arquivos;
sua foto se apaga...


torna-se fosca, sem brilho.


descobri um tesouro;
embaixo do nariz.


ontem acordei;
do desatino, da ilusão.
onde você era tudo, era mais.
notei em meus registros;
seu obituário.

quinta-feira, janeiro 22, 2009

Recheio de Coquetel

andando pela marina;
balança o rabo,
os cabelos...
consulta guias,
com suas unhas...

compridas...

desce, vira, sobe,
olha longe, cheira, sente.
achou um osso,
caiu num poço.

sexta-feira, janeiro 09, 2009

Três menos Um

De mansinho, de lado.
Qualquer canto é melhor;
Que esse lugar; feio; chato.
Dois brancos se combinam.

Evapore pra longe,
Nem percebo você.

terça-feira, janeiro 06, 2009

Longe

Mentir pra você, contar coisas;
Sua escrita apagada, murcha;
Corra pro seu forte, muros altos;
Esguia, alta... Serenidade.

Minto quando falo dos seus olhos.
Baixos, tristes, cegos.
Minto sobre meus programas;
Meus encontros.

Minto em você, sobre e tudo...