Quem sou eu

Minha foto
Brazil
Um Rei sem reino num mundo sem janelas, vivendo e mastigando a carne podre da rotina.

domingo, dezembro 30, 2007

Companhia de Sofia

Eu vim de um mundo distante...
Longe daqui, longe de tudo.
Não esperava numa tarde quente dessas...
Que a pequena Sofia viesse de seu mundo...

O meu caráter foi forjado, lá atrás.
Digo com certeza;
Não temas o mundo real...
Não vivemos num, afinal...

Não temas as pancadas da vida;
Ela vai forjando nosso coração,
Até ser só um músculo...
Não tema essa conversa.

Ela não foi premeditada...

N.S.A.

Já falei sobre pretensões?
Já falei sobre meus medos?

Sabe, sempre começo com negações...
Às vezes sem rumo, sem rima.
Penso em você e me vem aquela idéia.
De ser melhor;
De ser piegas...

Só penso em você quando estou em apuros;
Corro atrás de suas fotos.
Beijo, cheiro e clamo...

Meu clamor é falso;
Até o demônio clamaria acuado.

by my self

Continuando com meus pensamentos...
Sigo por aqui por esses dias,
Buscando o que ainda não perdi...
Sufocado, soterrado e carente.

Sempre quis ser assim?
Acho que não...
Pergunto pra mim mesmo,
E a resposta não surge...
Usaria outra palavra,
Mas estou bêbado, e pensando em você...

Tomo minha cerveja barata,
Agora quase quente pelo tempo...

sábado, dezembro 29, 2007

"Intitulável"

O mundo merece ser bom...
Onde existam pessoas boas;
Jardins floridos, crianças brincando...

Meninas eslavas que sejam felizes.
Que admirem o sorriso nunca dado...
Que sejam felizes na ternura;
Ternura essa que nunca terei.

O mundo merece seu sorriso.
O mundo merece ser bom;
Mesmo que eu não mereça...

1996

O final chegou?
Antes do dia marcado;
Você conhece meus calcanhares...
São fracos, mas já andaram muito.

Eu perdi coisas.
Naquela lanchonete velha;
Te paguei o último cachorro-quente.
Sempre comia dois.

Você foi embora, há anos...
Acabou por causa de seu novo amigo...
Não sei ao certo... Mas foi numa quarta.

Hoje somos estranhos, mas ainda lembramos de 1996.
Do ovo na cabeça...
Das noitadas numa caçada sempre vazia.

Reveillon Derradeiro

Não tenho pretensões;
Abandonei todas ontem.
Estou fraco e cansado...
Seus quadris não me confortam mais...

Preciso de uma cova rasa;
Pra depor meus pecados...
Esconder meus medos que voltaram.
Depois de um tempo, voltei a mim.

Meus planos se foram...
Junto com seu sorriso triste,
Naquele ônibus velho;Que virou na última esquina...

domingo, dezembro 23, 2007

O Censor da Gráfica

A carta abaixo foi encontrada junto ao corpo de um delegado da Polícia Civil, em março de 2001.


São Paulo, 25 de Março de 1999.

Usando sabiamente os constantes problemas de relacionamento, escrevo ao senhor Dimas Albuquerque, Editor-Chefe e um grande amigo, para comunicar à vossa pessoa que desta data em diante, não escrevo mais aos leitores do denominado jornal.
Por diversas vezes; sem sucesso, tentei me enquadrar nas regras que me foram colocadas. Ainda “jovem” no emprego (só foram dois anos de colaboração) sinto que não posso acrescentar mais nada a essa instituição.
Gostaria de sublinhar o motivo pelo qual tomei a tal decisão: nos últimos 4 meses, algumas matérias que escrevi foram devolvidas pelo “censor da gráfica”.
Um detalhe, todas elas citavam o “Eixo”.
Não me interessa o que acontece quando “eles” entram em ação, apenas me importa o fato de ainda existir censores.

Fatih Ahmed

O E.I.X.O. – Manifestações II

Um velho Fusca se aproximava lentamente... A sua lataria estava totalmente danificada, não havia conserto a ela, vários funileiros já haviam dito isso...
O veículo trafegava na rodovia, dando a impressão que passaria direto pelo Posto de Combustível que havia à margem... Num súbito movimento o motorista manobrou e estacionou.
Empoeirado e um tanto cansado, um jovem de estatura média e cabelos crespos, praguejou:
- Droga!
Ruben Rossi; um repórter “abelhudo”, na verdade ainda estava na faculdade, mas já
colaborava em alguns jornais. A sua “maior” reportagem era um artigo sobre os fenômenos atribuídos ao “eixo”.
“Jornais e revistas sensacionalistas não pregam conteúdo em suas matérias, apenas a manchete”.
Ruben havia ouvido isso de um redator e desde então o mandamento único era esse. Os tempos de primeiro ano na “facú” foram mágicos, cheio de repórteres-professores esquerdistas com suas idéias marxistas...
Uma franquia havia comprado os direitos sobre vários postos naquele trecho da Rondon. Apesar da rodovia estar em péssimas condições, a conveniência era muito sofisticada, com revenda de pneus, peças e borracharias de primeiro mundo, uma grande ironia.
Uma bela frentista veio em sua direção:
- Bom dia, em que podemos ajudar?
- Sim, um jornal e R$ 40,00 de gasolina.
- O jornal o senhor pode pegar ai na banca, por favor?
Ruben mal reparou na moça, mas quando ela caminhava em direção à bomba, notou os belos quadris. Estava atordoado. Passou a noite dirigindo; necessitava de uma cama.
Como era de praxe, preferiu um jornal “alternativo” a um “grande”. A manchete era categórica: “Ali Bassir: Morte ou Assassinato? – Crime choca SC”.
Após uma breve leitura, bebeu um pouco de café e tomou estrada...
“O que será isso? Meu Deus, às vezes tenho medo de não estar mechendo com uma quadrilha... Dê-me forças para ir fundo nisso. Temo acabar como os outros...”
A partir de um ponto, uns 10 km após o posto a rodovia se tornou movimentada... alguns caminhões cruzaram com o velho fusca. O jovem repórter se corroia de medo. Afinal era o único momento em que poderia mostrar-se com medo e frágil. Um repórter investigativo não teme ameaças, nem desafios...
A necessidade de ser aguerrido era constante, tanto que na última semana havia colocado em uma matéria o título: “E.I.X.O. VENHA ME PEGAR”. Já eram 20 mortes atribuídas à “quadrilha” e ele não queria ser mais um.
Sintonizou o rádio e ouvia uma música sertaneja, não se lembrava quem era o cantor, mas isso não importava... Mais uma daquelas histórias de traição. Olhando pro velocímetro via os 110 km/hora que o carro ia.
Á diante alguns motoristas tentavam ultrapassagens, e no rádio o locutor oferecia uma canção:
“Essa vai pro menino medroso que se escondia atrás de que acreditava em Alá...”
Ruben pisou imediatamente nos freios, mas não teve respostas...

(Continua)

terça-feira, dezembro 18, 2007

Plano B

Certas coisas me atormentam;
Aquela brisa me dá calafrios...
Preciso ir embora, descansar.
Minha cabeça dói, talvez 30 gotas...

Vejo todos que me cercam...
Vejo de quem eu fujo;
Talvez eu tenha logo a resposta;
Talvez eu perca meu caráter.

Só preciso de colo;
Colo de mãe, entende?
Quero dormir e acordar depois...
Andar livre; sem medo...

Quando passar tudo isso...
Venha me visitar...

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Good Times

Sei do tempo que tenho...
(...) ele já se foi...
Tive bons tempos...
Mas isso foi num tempo passado.

Não sei quanto tempo tenho...
Mas sei que falta pouco.
Pouco pra eu entrar na realidade;
Sair desse sonho bom...
Desse sonho branco, tão macio...

Saio feliz, volto pra minha trilha;
Que não é tão ruim....
Mas caminha comigo.
Para o fim, que logo vem me curar.

1x0

Seus olhos não brilham mais;
Não seguem mais a luz...
Nosso jantar é silencioso...
Nossas tardes passam em branco;

Ontem à noite eu pensava...
No “Futuro bom" de antes...
Nos campos floridos...
Nos planos da tarde...

As reticências me perseguem;
Não vou insistir mais;
Temo perder, é porque estou perdendo.
Não vou temer a derrota em si;
Chega disso tudo;
Meus lamentos falsos não podem persistir.

Nessa busca idiota que começou a esmo...

Auto-Espancamento

Bom saber disso...
Saber do encosto que represento...
Não pedi isso a você.
Mas insisti até 15 minutos atrás.
Carrego meus tropeços numa mochila térmica.

Aquele calor da ante-sala;
Eu lá esperando a espada.
Com seu gume ácido...
Livrando-me das minhas entranhas.

Não temo mais um demônio.
Afinal fui eu quem o criou.
Na minha cabeça podre (mais uma vez)
Meu gosto pela caneta havia voltado;
Depois de um tempo de ternura.

Meu hálito voltou a feder;
Já não sou mais belo como antes...
Meus intestinos não funcionam mais;
Minha úlcera me consome...

É bom, ver que não mudei um milímetro.

terça-feira, dezembro 11, 2007

Devaneios mais Belos

Quando meu amor chegar,
Estarei esperando...
Na beira do mar.
Um sorriso teu;
Um aconchego doce...

Não sentirei tanta dor.
Num entardecer vermelho...
Talvez um dia;
O sol vá se por pra você antes mim...
Mas não temo cuidar de um jardim.

Quando meu amor se for;
Eu chorarei sim;
Na beira do mar.
Lágrimas cair, eu deixarei.

Não falo de tristeza aqui.
Falo do que você entenderá...

100 dias depois

Lembro daquela manhã;
Como se fosse essa....
Eu prepotente, e você antipática...
Uma conversa áspera por alguns minutos.

Bastou meia dúzia de palavras,
E meus planos caíram por terra;
Acho que o sublime disso tudo,
Vem daquela manhã...
Não sei o que buscava ao certo,
Mas na mesma tarde, via o meu acerto...

Você com seus cabelos lindos....
Essa elegância adocicada;
Tudo o que há de bom.

Acho que falei em 100 dias,
Como se pudesse programar meu coração...
E conquistar o teu...

segunda-feira, dezembro 10, 2007

O Único Lamento

Não vou falar de meus medos...
Concordo que há um cansaço coletivo nisso;
Em falar e em ouvir.
Chega de choros reprimidos.
De sonhos que não foram.

Prometi sorrir mais;
Mas meu fim de semana foi...

Não sei onde vamos...
Se alcançaremos aqueles planos;
Feitos em momento tão ímpar.
Sinceramente não sei;
Se meus hábitos te repelem;

Pode ter sido a meia furada;
Ou alguma coisa que fiz...
Mas meu fim de semana foi tão...
Pode ser algo da minha cabeça podre.

Acredito mais nessa opção.

sexta-feira, dezembro 07, 2007

(Possível) Perda

Essa (possível) perda, não posso lamentar...
Eu cresci, não posso chorar mais....
Devo mostrar força, e você quer ver isso...
Precisa de proteção...

Homem não chora, ou se esforça pra segurar...
Tento ser o melhor que nunca fui...
Naquele dia, me senti orgulhoso;
E isso foi bom.

Não vou te perder, jamais.
Não vou te esquecer, não posso.
Preciso de sua pele alva...
Macia e adocicada.

Posso falar que é Amor.
O mais puro e cafona Amor.
Mas não vou te perder...
Isso não depende de ti.

O que sinto, te faz viva aqui dentro...
Sei que nosso tempo é diferente...
Mas podemos passar um tempo juntos...
A vida pode separar corpos;
Mas não corações...

Posso falar que Amor.
Aquele Amor de algodão doce...
Que anda pelos parques....
Que faz caminhada pelas manhãs....

Mas não vou te perder...

Por volta das 15:00 horas

Pensei que havia dito tudo...
Que tivesse me explanado sobre nós;
Feito todas as perguntas...
Mas não aproveitei pra nada disso...

Estava tão ocupado em desvendar seus olhos;
Em cuidar do teu cabelo bom...

Eu também tive vontade...
De chorar junto com você;
De ficar mais um pouco...

Seus olhos apaixonados, me olhavam...
Informavam da loucura mútua;
Do que enfrentaríamos fora dali.
Seu gosto doce, ainda na minha boca...
Me desperta para um novo dia.

Um dia ensolarado, um dia de Paz...
Naquela tarde, eu estava nu de meus pecados...
Nu do que há de ruim;
Esperando apenas ser bem cuidado...

Falei do menino, da Santa...
Daquele escapulário...

segunda-feira, novembro 26, 2007

9º Assalto

Quando acordo de manhã;
Lá vêm os meus Demônios...
Lembrar-me dos meus vícios,
Das minhas falhas...
Não sei ao certo. O que fiz de errado.

Mas errei lá atrás e vou errar lá na frente...
Sei que estamos errados...
Mas o que se sente é sério e nobre...
Nossa nobreza não é soberba...
Somos vilões inocentes...
E desprovidos culpados.

Não sei ao certo, onde vai nosso barco...
Talvez caia na primeira dobra de mar...
Ou vá longe ao fundo...

Você é a bonança....
Quando nada tenho por perto....
Quando sou sozinho acompanhado;
Quando me sinto morto por dentro.

quarta-feira, novembro 21, 2007

Ainda sem nome

Pode achar minha busca idiota;
Não é assim que colhe uma flor...
É preciso mais delicadeza, mas apreço.

Não tenho direitos;
Mas tive a ousadia...
De tentar ver uma flor de perto...
Esguia, bela, serena....

Meu estoque de qualidades acabou,
Mas ainda não esqueci teu rosto...
Seu sorriso contido...
Mas que iluminou uma tarde de trevas.

Pode achar isso tudo um acaso premeditado;
Uma tentativa de aproximação...
Não sei explicar;
Mas algo na manhã, me avisou que era importante.

Carta ao Romano

Não blasfemo o que não sei;
Procuro em todos os lugares;
Talvez nos mais obscuros e insólitos.
Não devo mexer com coisas que não sei controlar?

Alguém lá no começo me disse isso...
Aquela mulher baixa, com o cheiro tão bom.
Todo dia acordo temendo perdê-la.

O que eu acredito me reluta em assimilar,
Acredito piamente;
Mas ultimamente tenho acreditado em você.
Segundo “eu”, Ele deve estar triste.

Temo saber o que não quero saber;
“A cicatriz é cauterizada pelo tempo”
Ela também me disse isso...
Mas a minha: é um constante abre e fecha.
Eu ia te chamar, mas a mão transpira.

Muito tempo atrás, eu vi uma mulher...
Não era a dos conselhos;
Ela tava lá deitada, tranqüila...
Com seu vestido verde,
Suas rugas, seu sorriso
De tão lindo era macabro.

Será que eu a vi mesmo?

quarta-feira, novembro 14, 2007

08:20

um olhar perdido;
um passo em falso...
talvez nunca descubram seus mistérios;
nem de onde vem o teu brilho fosco;

um sorriso contido.
uma lágrima que não caiu...

ainda...

sexta-feira, novembro 09, 2007

Título Provisório

A causa da minha luta, é viver;
Longe dos caminhos de espinhos,
Mas também longe dos louros de uma vitória falsa.
Alguém disse lá atrás, que venceria suando...

Vejo só derrota na sua “vitória”;
Você luta em busca de provar aos outros,
De que é melhor... Que todos eles.
A causa da minha luta, é nobre;
É minha e só minha...

Tudo o que há em mim, é meu;
Nada foi sugado, nem roubado.
As minhas dores são profundas....
Mesmo você tentando medi-las.
Com sua trena da insensatez.

Os meus que perdi, são meus.
Os demônios que coleciono, são meus;
São meus os sonhos nunca realizados.
São meus os caminhos nunca percorridos.


As culpas que carrego, eu coloquei nas costas.

quarta-feira, novembro 07, 2007

Três Pinheiros

Em algum lugar, eu via você...
Lá embaixo, no último degrau;
Eu senti minhas mãos fracas...
Não escrevo sobre sonhos.
Eu só precisava ser feliz...

Rabisquei seu muro essa noite.
Algo sobre amor, eu acho;
Ou sobre dor...
Não entendo você Amor.
Não preciso entender.

Em algum lugar, eu me senti sozinho.
Debaixo dos pinheiros;
O vento zunia minha cabeça cansada.
Eu tinha tantos amores, mas não tinha um coração.

segunda-feira, novembro 05, 2007

Tumulto

Não temas o desconhecido...
Nem sempre estive aqui.
Já caminhei por vales escuros;
Os campos floridos me encantaram...

Mas sempre me seduzo pelo enxofre;
Que impregna meus ossos...
Era pra ser algo bom...
Algo bonito, mas não tenho mais esperança em mim.
Nem em você, nem no cara lá atrás da mesa...

segunda-feira, outubro 22, 2007

Fratura Exposta

A mudança não foi dolorida;
Azeda sim, mas meus ossos são fortes.
Arrumei meus móveis velhos...
Vejo você presente naquela cortina...

Seu cheiro não se foi;
Nem seus esmaltes baratos.
Lavei bem meu olhos, via aquela imagem desfocada.

Mudar foi bom, a dor passou...
Apenas algumas coisas pendentes naquele saco;
Mas não sou exigente...
Sua dívida foi paga há muito...

Confissão

Aquele olhar de canto...
Ainda me consome;
O quê você profetizou?
Qual era a minha sentença recebida?
Fui te ver, já sabendo o quê se passaria logo mais.

Daquele dia em diante, não sei mais...
Se tivesse sido diferente?
Se você ainda estivesse aqui...

Me tornei isso, não por você...
É o escudo mais rijo que encontrei...
Você não pode me salvar...
Eu nunca estive perdido.

19ª teoria de suicídio

Nem sei mais da minha vida...
Isso que tenho não é vida;
Sem amigos; sem meus demônios...
O mais legal é o número 21...
Sempre com seus quadris me atormentando.


Acordo inchado na madrugada,
E ainda lembro do meu cão...
Minha fraqueza já foi mais forte.
Ela cuspia sangue pisado...
Vou atrás do vingador e me vingar.


Quando falei ontem daquela faca...
Nem pensava no que você via...
Realmente era amolada...
Cabo de madeira;
O gume fosco mostrava seu poder...


São 06:15, e já era pra eu ter acordado...
Mais um dia começa e não consegui...
Meu leite com Toddy está esfriando...
Ainda nem vomitei hoje...

segunda-feira, outubro 01, 2007

Sonho Branco

Estando suas coisas em cima da mesa....
Lhe trago pra junto de mim.
O herói que não fui, ninguém viu.
Naquela manhã, eu fui o melhor de todos os tempos...

O tempo, você teme tanto ele....
Seus planos pra mim, são ternos.
Não tema o que lhe posso fazer.

Não queria aquela lágrima...
Sei que você a segurou, por muito.
Minhas lágrimas viraram pedras....
Pesadas, sólidas e presentes.

Orgulho por ser eu, você me fez sentir.

O sonho que vivo hoje é sublime.

sexta-feira, setembro 28, 2007

O Banquete

Perverso foi aquele sorriso.
Estava ferido e você sorria;
Eu não me importo...

Não me importo mais com essas coisas;
Não preciso de mais nada dessa vida.
Só uma cova funda e aconchegante;
Pra depositar a minha carcaça maldita.

Cansada, irônica e canalha.

Perversa foi a última pá de cal..
Branco e fino...
Alvo e lúcido, como a lança de um arcanjo;
Que arrebenta o peito;
Que atormenta a alma.

O perdão que preciso, ninguém pode dar.
O meu paletó rasgado, não precisa mais de remendos.
Só preciso de um copo de mercúrio;
Pra filtrar meu sangue sujo;
Antes que a terra comece o seu banquete.

Poeta Falhado

Deveria escrever sobre coisas boas...
Sobre esperanças; amores.
Sobre crianças sorrindo e brincando...

A moça até me criticou por isso.
Ser frustrado e mórbido...
Sombrio, desgastado.

Prometi tempos atrás; ser melhor.
Sorrir mais e fugir do lado podre da maçã;
Mas essa moça não tem direito.
Não tem direito de me perturbar...
Meus demônios estavam dormindo.

Sombrio é dizer “eu te amo”.
Sombrio é dizer “eu te amo”.
Sombrio é dizer “eu te amo”.
Sombrio é dizer “eu te amo”.

Esperando

Oh querida! Tentou me esfaquear...
De onde você surgiu?
Com seu hálito de café requentado...
Seus olhos inchados indicam...
O lugar onde esteve.

Dê-me um rumo; um norte nisso tudo.
Não vai cometer isso mais...
Não tema o que não viu... Nem sentiu...
Na sala de espera do inferno;
Eu vou te esperar...
Com minhas rosas flambadas...
E meu casaco impregnado pelo enxofre...
Do nosso ódio mútuo...
Por aquilo que ainda não avistamos...

terça-feira, setembro 18, 2007

Final Feliz

Acabou...
Pensando bem o som, é até suave;
Sua pernas tremiam, seria o frio?
Vi seus dentes batendo ao celebrar o fim.
Antes eu lamentava ter perdido...
Em todo jogo há um perdedor.

Hoje não, Querida... Hoje não!

Vejo todo esse tempo; com nojo...
De não ter aproveitado seus quadris...
De não ter sido mais homem e te assumir.

Me sinto maior; mais capaz...
Bem melhor que no início.
Sem dinheiro pro cachorro quente...
Aquela obturação que me dói hoje.

Vejo essas cartas com cheiro de flor...
Sinto nojo de não ter escrito aquelas coisas.
Amanhã vou acordar, e mostrar a todos;
O pavor que senti ontem...

Sinto náuseas daquele teu perfume barato...
Mas que sempre funcionou...
Você conseguiu...

sexta-feira, setembro 14, 2007

90, 62, 93

Foi o tempo das fotos;
Fotos feitas há tempos atrás.
Seus olhos brilham mais nelas;
Do que ontem na praça.

O rapaz de antes, chorou bastante.
Disse estar em transe, desde o dia do sorvete.
Acha isso certo?

Acabar com sonhos, que nem foram sonhados...

Foi o tempo das fotos...
Das suas pernas esguias...
Do seu busto intrigante...
Do seu sorriso perdido.

O rapaz de antes, morreu amanhã;
Mal sabe ele, o que o poeta sente.

terça-feira, setembro 11, 2007

Depressão Induzida

hoje é meu último dia...
de solidão forçada, de choros falsos...

saio pela porta de frente;
enfim consegui me olhar na poça...
certas dores que escrevi antes;
não latejam mais esse músculo cansado...

meus raios de sol; hoje são brilhantes...
têm o brilho de uma estrela.
acaba aqui, com um ponto final essa farsa.

segunda-feira, setembro 10, 2007

Isabel

a tarde mais distante...
estaria perto, se fosse ontem...
naqueles cabelos de iemanjá...

mas certas oferendas,
sempre voltam...

naquela praia de ontem...
a tarde teimava em acabar;
antes do beijo dela, me presentear

segunda-feira, setembro 03, 2007

7200 giros

Cinco dias... Cinco Sóis...
Cinco estrelas... Cinco lampejos...
Passou tão rápido... Aquele fecho de Luz....
Minha vida não tem mais sabor...

Mas o molho não tem o mesmo toque agridoce...
Acho que nunca comi o molho que eu quis...
A princesa sem dentes me exalta, me protege....
Sou assim antes dela,
Antes do primeiro...

Sou o meu o próprio diabo...

Preciso de cinco dias...
Precisava de uma estação inteira...
A flor Branca me surpreendeu....
Ela disse que foi a água...

Primeira Decepção

“Apareceu do nada”...
Assim você se refere a mim...
Eu sei das minhas falhas,
Até pensei pela manhã;
Que estávamos num caminho lindo...
Cheio de rosas brancas...

Estava na hora de uma decepção...
Sei do canto ruim....
Meus acordes são fracos...
Um guerreiro forte, sem armadura

Gostei do teu canto...
Mas sei onde posso remar...
Não me deixe de canto....
Por meu canto não te agradar....

Uma nova flor (ainda)

Veio Branca como a brisa...
Aquela brisa que nunca bateu em meu rosto...
Apareceu tenra como a flor...
Uma nova flor que ainda não reguei...

Ainda havia mais de uma primavera pela frente...
Planos que eu estabeleci...
Mas mesmo assim, você veio Branca...

Alva, lúcida (...) me fez bem...

Ainda sinto o cachecol que nunca senti....
Sei que permanece aqui....

85 centavos

Faltaram algumas moedas,
Aquele bolso furado, me pregou outra peça...
Fui confiante sabe, achei que você adoraria um sonho...

Fui rápido, no caminho eu vi aquela pessoa...
Ainda sofria como no primeiro dia...

Pra ser sincero, faltou vergonha mesmo!
Não deveria ter insistido, a moça não topou...
Continuo com as minhas preferências...

sexta-feira, agosto 31, 2007

O Menino

Caem por esses dias, meus últimos fios...
Os grisalhos foram embora com a rapidez da vinda;
Minha mente realiza o que o corpo refuga...

Quando menino, pensava em jornadas...
Minhas aventuras consistem em chegar rápido ao mictório....
Já não sei mais se está viva...
A minha covardia ainda dói....

Rezo pra Ele me levar logo....

Desabafo

Sempre ouço que você se corrompe...
Sempre enxugo seus momentos de crocodilo,
Já cansei de suas coxas grossas;
Roçando meu queixo...

Artigo para Satanás

Saia da minha casa... Do meu cobertor.
Já saí de muitos lugares, muitos mares...
Estou nessa e não páro por esses dias.
O escritor vem falando contigo?

(...) chega de expectativas falsas...
Seus olhos já foram aquilo um dia...
Chega de chegadas canceladas...

Saia da minha cabeça...
Seu tempo aqui acabou...

Estou nessa e não sei quando párar.

quarta-feira, agosto 29, 2007

100 dias

Como sou idiota!
A ponto de querer você em meu castelo...
Não pretendia ter pretensões...
Apenas te amar...
Você me falou daquela perda...
Aquilo te fortaleceu...

Minhas tardes eram tristes e cinzas...

Certas cinzas apenas nos interrompem...

Como fui idiota...
Queria prender você em 100 dias...
Não suportei 1 sequer...
Queria seu sorriso aqui comigo...
Seu cachecol com aquele cheiro...
Agora sei, como fui idiota...

quarta-feira, agosto 08, 2007

Sem título

Pois é, você me disse "pois é"...
Não ligou pras lágrimas derramadas...
Se preocupava tanto com o cabelo;
Eles são lindos mesmo...

Eu fui chamar o táxi... Enquanto você relaxava no sofá...
Reclamava do noticiário;
Reclamava do gato, e do estrago que havia feito...

No caminho eu rezava, pedia a Deus que me salvasse...

(...)

Agora o despertador toca...
São 06:00 da manhã...
E faz um mês que você foi embora...

segunda-feira, agosto 06, 2007

Ponto Final

Por esses dias, eu acabo com tudo...
Acabo com esse seu sorriso doce...
Depois esqueço dos seus cabelos lisos de chapinha...

Por esses dias, eu desisto do seu cheiro bom...
Mais tarde vou limpar meu cesto de roupas...
Não quero mais ter que ver aquele seu shortinho...

Já nem sinto falta do seu hálito doce no meu ouvido...
Nem das suas mãos lisas cuidando da minha gripe...

Não preciso mais de você...

Ressaca

Acordei nessa madrugada...
Um frio de cortar; os cachorros latindo na rua...
Andei até o banheiro, percebi meu vômito presente...
Enquanto limpava o chão, via a Lua...

Não sei ao certo o que houve,
Não sei se fui certo em te contar...
Prometemos não amar, não odiar...

Nunca vi o mar, mas poderia ser com você...

quarta-feira, agosto 01, 2007

Amor Profanado!

Desdenhou desde sempre...
Do meu amor; dos meus dentes sempre à mostra...
Você procura um personagem, não um homem.
Desisti de muitas coisas... Ou elas desistiram de mim...

O medo que tinha... Foi embora contigo...
Esqueceu-se do meu nome; levou o seu Camões embora...

Quando seu amigo te fizer chorar... Lembre-se que eu...

Sempre banalizou minhas falas feitas...
Meu jeito de encarar a impossibilidade de ter seus quadris...
Meus dentes estalaram de raiva...
Se for embora, apenas vá... Não ria do meu amor, nem me chama de anjo...

Quando seu amigo te fizer chorar... Lembre-se que eu chorei ontem...

quinta-feira, julho 05, 2007

Poema do Adeus

Naquele dia, eu precisava do teu batom borrado e dos teus braços finos;
Eles poderiam me salvar...
Ontem, eu não precisava dos seus olhos pequenos,
Olhando, dizendo: vou embora amanhã...
Você foi embora...
Hoje vou remar até o teu cheiro doce...
Até os teus quadris de boneca...

terça-feira, junho 12, 2007

Conversa com Paulo Henrique

A lua minguante; veio me acordar...
Pediu pra mim...
Mais paciência; enquanto frito o ovo...
Meu gato me olhava...
Se ajeitando em minhas canelas frias.

A cachaça de ontem ainda faz efeito.
Como um turbilhão, destrói o meu fígado...

Quatro minutos

Prometo uma coisa:
Rezar!
Pedir a Deus, mais um minuto de vida...
Que eu seja um bom homem.
Que o vento levante seus cabelos mais uma vez...
E que esse sorriso forçado, saía de seu rosto doce...

Prometo uma coisa:
Não chorar...
Ser menos tolo, e não brigar com você...
Enquanto se arruma e fica linda pra mim...


Deus já me deu mais três minutos além do que pedi...
Vou voltar pelos fundos...

Prometo uma coisa...
Numa próxima vida;
Dizer “eu te amo” pra você...

segunda-feira, junho 11, 2007

O Monstro, o Viajante e o Ladrão

As pessoas me evitam...
Mudam seu rumo; me evitam.
Não escutam meus lampejos;
Ainda assim eu tento...
Contar os meus segredos...

Lembra do teu filho?

Você reza pra ele à noite...
Mas rouba sonhos pela manhã...
Você me viu ontem?
Aquela menina feia do sonho...
Sentada no chão...

O pessoal da rua me evita.
Eu viajei.
Mas duvidava das leituras...

Lembra do teu filho?

Ele precisa ir embora.

Masturbação

Minhas mãos doem...
Fiquei pensando em você, até tarde.
Saí pra comprar comida e leite.

Hoje de manhã...

Acho que abri o punho...
Aquele filme da mulher lá...
(...)
Lembra dele?
Assistimos juntos.

Acho que vou ver ele de novo, hoje.

1386

Por onde eu começo esse assunto?
Bem, vou tentar ser breve.
Prometi da última vez, ser mais áspero.
E procurar ir direto ao assunto.

Do lado de fora

De quê adianta voar?
Por aí, sem rumo.
Sem um destino certo...
À mercê de suas vontades...

Continuo de onde párei; ontem.
Ainda me lembro da menina que me esnobou;
Perto de seus amigos.
Talvez uma satisfação de momento...
(eu vi aquele filho da puta olhando seu decote)
Ou algo preso no pensamento...

Você me deu asas...
Achei que eram para voar...
Mas com você, e não pra longe do meu amor...

Vou sair pelo fundo...
Já saí... Lá em casa tenho uma faca tão bonita...
É da Tramontina...

sexta-feira, junho 08, 2007

deitado no quarto

Quando vi suas coxas naquele álbum...
Minhas mãos formigaram...
Ainda não entendi a sua vida,
Nem posso fazer parte dela... ainda.

Vejo que minha vida, acaba aqui.
Longe de você, e sem saber quem eu sou.

Quando chegar, me traga pão e leite.
Depois apague a luz, e limpe meu vômito na sala.

Menina do Alto Rio Bonito

Ali no canto...
Bem ali...

Hoje vejo de onde vim;
De onde veio sua Morenice.
Essa vontade séria de ser Sapeca.

De mostrar a mim que não presto;
Que não valho uma garrafa de conhaque.

terça-feira, abril 24, 2007

Tardes de Fevereiro - Vol. 1

Naquelas tardes, eu ainda estava atribulado;
Cansado, suado
O ar-condicionado funcionava.

Naquelas tardes, a Sereia dos cabelos grandes;
Me fazia companhia... Ainda me lembro;
Das fogueiras que fazíamos.
Ela anda triste, parecia ter perdido um pedaço da cauda...

Ainda ontem me lembrava...
Bons tempos de bons momentos.

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Aos possíveis marujos...

Bem,

tenho andado sem tempo;
ou sem cabeça pra escrever aqui...
nada está abandonado;
nada está perdido...


tenho Fé...

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

O Vôo

Parecia ser tão bonito,
Aquele momento em que,
Te vi linda, descendo dos céus,
Veio amenizar minha dor...
Queria voar pr’aquele lado.


Entrou por meus poros,
Me mostrou que o amor existe...
Disse que ontem, o amanhã viria...
E que nada compensava ser triste.


Parecia ser bonito, aquele dia triste,
Onde estão suas asas?...
Onde você dormiu ontem?
A dor que sinto hoje é maior que antes...
Você me curou, me trouxe de volta...
Não sinto minhas asas fracas...


Queria voar contigo, ir pra longe...
P’rum lugar bonito...
Que não tenha dor...

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Sem noção!

sempre exaltou tua força; onde está ela agora?
lembro-me de anteontem... você chorando baixinho.
não sei Querida, não sei.
quais seus planos pra depois que eu chorar?
me disse anteontem que iria comprar leite...
tu se esqueceu de voltar...


a manteiga nem derretou no café,
e você ainda vem e me olha assim...
preciso de um emprego, não de flechas.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Coragem de Mentira

descobri uma coisa hoje de manhã.
sinto em dizer, pois é algo muito azedo;
descobri que você não existe...
é um fruto do podre, do meu coração...


tirei o cancro que havia em mim...
coloquei dentro de você...
uma coisa azeda nunca vem só;
hoje de manhã descobri...


sua coragem é tão falsa,
quanto o seu cabelo tingido...
vá embora daqui...
não é mais agradável aqui,
o teu seio caído.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Numa Caixa

ali no canto; caído...
ali no canto; deixado de lado...
ali no canto; à margem de seus sonhos...
um homem sentido.

como um objeto velho, me sinto numa caixa...
não entendo seus planos; meus sonhos...
não entendo seus atos, seus passos em falso.

queria muito te olhar com antes,
te desejar com daquela vez no parque.

ali no canto; caído eu fiquei...
ali no canto; abandonado continuei...
um homem sentido ou um menino mimado?

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Dipirona Sódica

Sinto meus nervos doloridos.
Minhas pernas bambas ardem;
Voltei atrás ontem.
Cortei seu assunto sem que soubesse,
Não posso ser assim;
É só uma necessidade.


Minha cabeça coça, tomei 30 gotas há pouco.
Corro atrás do que perdi;
Nem notei que não está mais aqui.
Vou embora, não tenho ânimo para concluir.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Eu acho

Suas idéias macabras!
De onde as tirou?
Pensa coisas sobre meu ser;
Meu caráter é melhor que isso... Eu acho.


Fazer-te sofrer?
Nunca faria isso!
As lágrimas não fui eu quem derrubou!
Ao contrário, ajudei você a enxugar...
Não sofro mais por você... Eu acho.


Seus amigos te fazem bem...
Corra pra eles, suma daqui.
Quando sofrer, peça abrigo em seus braços
Não preciso mais de você... Eu acho.

Canção de Ninar

Venha pra cama!
É hora de deitar, sonhar...
Venha comigo, preciso dos seus quadris;
Eles me confortam.
Eles me acolhem...


Deite-se aqui comigo;
Esfregue-se em mim, faça aquelas coisas...
Aquelas coisas que me fizeram entrar aqui.
Faça só mais uma vez.


O que há com você?
Não passa nada de bom na TV,
Venha cá, venha me acalmar.
O jantar está se ajeitando,
Minha úlcera nem dói mais.

Clausura

Ainda ontem, eu li aquele bilhete.
Confesso um segredo: eu chorei...
Nunca lamentei o “nós”, nunca despistei.
O esforço por uma cara sóbria, tenra; acabou.
Saí daqui ontem, forte, lúcido e triste.


Não sei os motivos, as razões.
Apenas estou aqui, de novo; com frio.


Fico feliz por seus planos.
Suas metas serão cumpridas, mas as minhas não.
No fundo, você sempre mereceu mais do que eu.
Foi mais capaz, mais forte, mais “no alvo”.
Eu me perdi nas minhas hipóteses;
Eu me perdi em suas falas feitas.

Ainda ontem, eu li seus versos falsos...
Suas vontades de permanecer aqui...
Dentro...
Não sei o resultado disso tudo,
Mas sei que não estarei, aqui, no final.

terça-feira, janeiro 23, 2007

A Explosão, o Corpo e o Envelope




Mesmo não sendo uma pessoa que sentisse ou sofresse, Juliano realmente havia tentado ser amigo de Ruben, mas o comportamento arredio do “velho” era algo impossível de se penetrar.
A testa do jovem delegado ardia em sangue, ainda tonto pela pancada, talvez uma calota do Santana, ou qualquer outro estilhaço, da explosão.
Depois de alguns minutos os Bombeiros, chegaram ao local, podia se avistar a distancia a nuvem de fumaça que cobria o pátio da Delegacia. Juliano se levantou e tentou recobrar os sentidos, se escorando em uns dos carros, pôde ver o seu VW Gol 2003, com o pára-brisa estilhaçado, mas ele lamentaria aquilo depois.
Um homem do Corpo de Bombeiros se aproximou:
- O que houve Doutor?
A cabeça de Cláuddio estava zonza, ele tentou falar algo, mas não conseguiu.
O Bombeiro iniciou suas instruções:
- Bem, acho melhor o senhor se sentar ali... Hei! Atendimento! Aqui temos uma vítima!
O Bombeiro ainda tentava imaginar, conspirar, mas nada dos seus 20 anos de experiência podia lhe ajudar.
- “será que foi algum atentado?”.
Após correr o olhar pela cena o homem olhou para Juliano e se apresentou:
- Sou o Sargento. Souza, do Corpo de Bombeiros.
Nessa altura, os outros Investigadores já estavam a postos, com suas armas prateadas, desfilando pela rua que dava acesso à Delegacia. Haviam alguns homens deitados no chão e sendo “revistados”, mas eram os pedreiros que trabalhavam na obra ao lado. Como sempre, a Polícia, demonstrava despreparo, em situações extremas.
O teto branco seguia com suas luzes fluorescentes e alguma coisa lhe picava o braço. Talvez uma seringa, ou soro. Uma coisa é fato, o ferimento na testa de Juliano, era muito grave.
- O que houve enfermeira?
- Uma explosão na Delegacia, parece que o Doutor Ruben tentou se matar dentro do carro...
- Não foi isso, não foi.
- Deite-se, o senhor precisa de cuidados.
Juliano estava voltando ao normal, percebeu que se encontrava no hospital, sua cabeça; estava enfaixada e ele já não sentia tanta dor. A maca onde ele estava adentrou num quarto, ele ouviu choro de criança ao fundo. Uma boa sensação lhe cobriu o corpo, a dor havia amenizado e uma moleza súbita o tomou, sua visão ficou turva e ele apagou.
O sol escaldante consumia a vasta calvície do Sargento Souza, dois Investigadores ainda faziam ronda como Militares, ao invés de tentar averiguar possíveis causas pra explosão do veículo. Souza olhou em volta do Santana já sem chamas, não havia sinais de projéteis, combustível ou nada que pudesse causar faísca ou incêndio, só um espectro dentro do carro, um corpo carbonizado.
O que mais lhe chamou a atenção foi um gemido ao fundo, vindo de trás de uma GM Blazer...
- Arrrgh!
- Eu não acredito!
Ruben Rossi rastejava com o braço esquerdo ensangüentado. Tentava balbuciar algo:
- Meu braço...
- Doutor, cuidado! Deixa “eu” ajudar o senhor.
Uma ferida cobria o braço do Delegado, profunda e retalhada, como se algo tivesse sido arrancado de seu corpo. Aquela cena assustou o Bombeiro, mesmo que já tinha visto todos os tipos de mutilações possíveis e impossíveis.
- O que aconteceu?
- O seu carro, ele... Explodiu de maneira súbita...
- Mas, como assim? Você viu alguma coisa?
- Não! O pessoal lá de dentro, ouviu a explosão, mas... Mas o senhor estava lá dentro?
- Acredito que não... Hahahaha!
Uma gargalhada foi ouvida.
- Se eu “tivesse” lá dentro, estaria morto... Ai meu braço, preciso de socorro!
Outra ambulância que estava no apoio, levou o Delegado até o Hospital. Souza não entendia o que havia acontecido. Do local da explosão ao onde Ruben estava deitado, havia uma distancia de uns 15 metros. Pra ele ter sido arremessado ali, o seu corpo teria que romper o capô do carro, e isso não aconteceu, nem sua estrutura óssea agüentaria.
Souza se perguntou: “de quem é o corpo lá dentro, então”?
- Sargento, o que o senhor me diz?
Um homem de meia idade estendeu a mão e cumprimentou o Bombeiro, trazia consigo um rosto surrado e forte hálito de café.
- Me desculpe, sou o Investigador Najas, trabalho nesse “DP”.
- Ok, ao que tudo, houve falha elétrica. Não existe nenhuma outra causa plausível, nesse momento. O carro é à gasolina comum... Muito estranho, talvez o calor... Não sei, a Polícia Técnica poderá esclarecer isso melhor.
- Bem, vamos ver né!
O Sargento sentiu certo descaso nas palavras do Investigador. Após isso, ele viu que não tinha mais nada a fazer ali.
A notícia logo correu, no Hospital, moradores buscavam notícias sobre a liderança da Polícia Civil, da cidade. Em meio ao tumulto, um braço forte conseguiu chegar até a portaria.
- Perdão senhor, mas não poderá entrar.
- Que pena, mas preciso ver um paciente. É realmente urgente.
- Terá que voltar na quarta-feira.
- Olha mocinha, você é tão gatinha, poderia me deixar entrar. Ninguém precisa saber, será um segredo nosso.
A jovem recepcionista olhou o homem, com um misto de nojo e pena...
- Já lhe disse, só na quarta-feira!
- Bem, não tenho escolha. Faça-me um favor, entregue isso a ele. O seu nome é Ruben Rossi.
- Ah! O Delegado. Entrego sim.
Um envelope amarelado, com certo peso. Havia uma etiqueta: “A/C R. Rossi”.
- É sobre um assunto muito importante.
- Ok, será entregue assim que ele estiver em condições...
- Muito obrigado, e desculpe a insistência.A moça voltou a analisar o homem, e viu que era um “bom partido”, ela tentou ser amável, mas ele já caminhava pra fora do Hospital

A Morte de Rafael Rossi


As condições daquele trecho da pista nunca foram boas, ainda mais com a notícia do acidente envolvendo o repórter Rafael Rossi. Toda a imprensa da região estava alvoroçada, querendo respostas, fabricando perguntas.
A Polícia Rodoviária havia interditado uma pista, pois, os destroços cobriam a paisagem. O trânsito piorava devido à curiosidade de alguns motoristas que quase paravam pra ver o carro capotado. No meio de algumas pessoas, um Guarda tentava manter a cena do acidente preservada.
- Vamos, qual é? Não tem nada de mais... Só mais um apressadinho...
A enorme barriga do homem, junto com seu hálito de frios, mantinha o pessoal distante do carro. Ele ficava gesticulando todo o tempo, ao fundo viu um carro estacionando no acostamento, podia ver escrito, “Imprensa”.
“Lá vem encrenca”
O homem resmungou algo e acenou com o braço negativamente. Ele sabia que a “molecada” – como alguns os definiam - do jornal era destemida, às vezes até irresponsável em busca de fatos.
- O que querem aqui?
Um jovem com as calças sujas e a barba por fazer, bateu no ombro do Guarda.
- Ah! Marcos, qual o motivo de tanta aspereza?
- Não toque em mim. E não se faça de bobo!
- Tudo bem! O que houve aí?
- Nada, só mais um acidente. Mais um apressadinho tentando subir o barranco...
Aquela cena de destruição era mais uma na vida de Marcos: estilhaços; corpos mutilados. Mas a cada acontecido, ele se sentia vazio, sempre em situações assim, se perguntava: “recolher pedaços de gente, isso é trabalho?”.
Diversas vezes, a Polícia deixava de lado sua função; patrulhar, pra atender as vítimas, prestar primeiros socorros, e até mesmo, recolher cadáveres.
- Só uma palavra pra minha história...
O repórter insistia em tirar algo de Marcos.
- Qual é Gabriel? Não existe história. É só mais um acidente, caralho!
- Calma, amigo! Temos uma boa manchete aqui... Um carro sobe um barranco, num trecho de linha reta, capota e o motorista morre sem nenhum arranhão? Pode não gostar de mim, nem do meu trabalho, mas é coisa estranha, esse acidente, não é?
Marcos concordou no inconsciente, mas suas palavras, não:
- Vai, tire as suas fotos e suma daqui!
Gabriel sentia-se o dono dos fatos, sua mania de grandes conspirações o atormentava e ele, adorava isso. Realmente, os dias estavam sendo difíceis, a grana tava curta, problemas de saúde, uma anunciada demissão, tudo isso preocupava o homem. Com tantos “contras”, ele havia prometido a si mesmo, que cada matéria, deveria ter tratamento especial.
“Bem. Não há sinal de freada, de veículo algum. A impressão que tenho, é que algo surgiu na pista... Um animal talvez. Pedestre não”.
Algumas fotos foram feitas, mas Gabriel não entendia. Por um momento ele pensou em suicídio.
“Só pode ser isso, se bem que seria mais fácil jogar o carro na ribanceira, ou um tiro na cabeça, ou veneno...”.
Sempre que uma história se mostrava misteriosa, o Repórter caminhava pro lado mais sombrio. Essa atitude sempre gerava desconforto no Meio, era comum alguns colegas se afastarem de Gabriel. E isso piorou, quando ele escreveu um artigo pra uma revista de circulação regional, sobre o E.I.X.O., isso gerou mal-estar. Já que esse assunto era ridicularizado, o artigo foi considerado pirotécnico, por muitos jornalistas; conhecidos ou não de Gabriel.
A Imprensa, antes contestadora, havia se trancado em seu castelo e se tornado uma marionete de si mesma. Mas desde que os acontecimentos relacionados ao E.I.X.O., vazaram, e ficaram famosos, foram instalados “filtros” em diversos meio de comunicação. “Devemos ter responsabilidade do que publicamos” - esse era o slogan. De tão absurda, essa história era tratada de maneira folclórica, se tornou um mito, como: Chupa-cabras, E.T. de Varginha. A elite da Imprensa “independente” se recusava a retratar isso, e quem partia pra esse lado, era simplesmente excluído do Meio.
Gabriel fez doze fotos, hesitou em olhar o corpo dentro carro, de certa forma, Rafael Rossi era um ídolo, já que além de Gabriel, era o único que dava devida atenção aos muitos fatos que se passavam no país. Olhando o velho Fusca, ali capotado, a consciência lhe perguntou, “só dois, um morto e outro vivo”. Um súbito misto de medo e desconfiança, o abateu.
Mas aquilo, seria lembrado depois.

A Revelação



Caía uma neblina junto com a noite. O carro novo do Jornal local se arrastava pela pista, as condições eram boas, mas o motorista sentia-se exausto... Andou por mais de 20 km, com o carro em 3ª marcha. Gabriel fez o trevo da cidade e se perdeu em pensamentos.
“Será que o Rafael se matou? Onde estão os motivos? Caralho, o cara ia escrever um artigo na Veja, enfim, tantas coisas seriam explicadas, é muito estranho tudo isso. Agora o “puto” vai e morre”.
Certas coisas na vida de um homem, são prioridades, e o artigo que Rafael escrevia pra Veja, era algo aguardado por Gabriel, a revista, que já tinha sido a Bíblia da imprensa nacional, havia caído num abismo sem fundo, e mesmo sendo um assunto pouco levado a sério, o E.I.X.O., era considerado o último tiro daquela espingarda, que antes já tinha sido decisiva em muitos escândalos “brasilienses”. A cada edição, era anunciado o tal artigo. Mas isso, definitivamente, nunca aconteceria.
Gabriel estacionou o carro, e logo agarrou o filme. Ficou alguns minutos trancado no veículo... Ele tinha fotos, mas não uma história, aquele era seu último trunfo. Por uma escada surrada, se via a redação do jornaleco; sete heróis ainda suportavam o velho Freitas, que era o redator, editor e dono da “Tribuna do Dia”. Todos os jornais da região estavam anos-luz à frente. Ali ainda se usava filme fotográfico, enquanto a maioria já usava as “digitais”. A única coisa que prendia todos naquelas condições, era que o Velho pagava em dia, e devido a Imprensa atravessar uma crise de 12 anos... Sempre foi melhor pingar, do que secar.
- Então Gabriel!
O velho transpirava forte, sua camisa de linho, azul escuro, estava verde em alguns pontos. Uma paisagem tão nojenta, quanto o seu hálito.
- Bem, Dr. Freitas. Mais um acidente!
- Só isso?
- Sim. Aquela pista está muito perigosa...
Gabriel passou pelo velho, como se quisesse esconder algo. Mas a raposa, era viciada.
- Bem, então você já pode me devolver o filme e a máquina, não é mesmo? Eu preciso fazer alguns testes.
O jovem repórter suspirou.
- Tudo bem! Tirei algumas fotos lá... Acreditei que fosse dar alguma coisa.
- Escuta filho! Você saiu daqui duas da tarde, voltou agora, e ainda me diz que tirou fotos de uma coisa que não vai dar em nada?
- Sim! É isso!
- Acredito que não temos mais espaço aqui pra você! Os garotos ficaram a tarde inteira escrevendo boas histórias. Olhe pro Mendes, ele fez do concurso de culinária, uma boa leitura. Agora, ser jornalista, não é sempre ter um escândalo em mãos, ou uma fita contendo políticos corruptos roubando dinheiro público, ou algo assim. Às vezes, o trivial serve. Desde que você chegou aqui, só pensa no tal eixo, o que é isso? Aqui não é o “arquivo x”
Gabriel sentiu-se aliviado, ainda não era o momento, mas ficou feliz em ter sido demitido.
- Entendo o senhor. Vou arrumar minhas gavetas.
- Mas, antes disso, dê-me o filme...
- Não! Desconte o valor dos meus honorários, mas o filme fica comigo!
O velho Freitas coçou sua cabeleireira tingida e uivou algo. Andou por alguns instantes na direção de sua sala, deu meia volta e fuzilou o Repórter com o olhar.
- Ok! Leve seu “filminho”.
Freitas se isolou em sua sala, pelo resto do expediente (que já estava acabando). Gabriel viu a situação, olhou pro boy da redação e o mandou revelar o filme.
- Na conta do “Dia”, é claro!
Quarenta minutos depois, o rapaz voltava com um pacote na mão esquerda e uma esfiha na direita.
- O rapaz da Revelação disse quem tem R$ 60,00 seus lá, e já estão vencidos.
- Ok! Depois eu acerto.
O boy lhe entregou o envelope e se afastou. Gabriel foi até sua sala, na verdade um cubículo 2x2, e por lá ficou. Ao entrar, ele olhou pra trás e observou seus colegas trabalhando na redação. Aquele seria o último contato de ambos.

- Alô! Preciso de uma ambulância!
- De onde é senhor?
- Aqui da redação! Tribuna do Dia. Temos uma pessoa passando mal. Acredito que seja enfarte.
- Ok. Já vamos mandar uma.

Plínio, o E.I.X.O e o churrasco



A seca de 2006, consumia o Cerrado, os focos de incêndio, acompanhavam a margem da rodovia. Eram comuns, placas informando ao motorista pra não jogar bitucas de cigarro na pista. Mas definitivamente, isso não era seguido.
Márcio já não agüentava mais dirigir. Suas pernas pediam descanso, já estava ali sentado, há 7 horas. Passando por Jataí, ele teve um alento.
“Só mais 60 km”.
Seus pensamentos se concentravam na sua esposa que havia ficado em Campo Grande. Devido ao descompasso de horários de trabalho, não puderam viajar juntos naquele dia.
Quanto ao seu trabalho, ele sentia-se levemente tranqüilo, havia deixado a sua equipe bem instruída, quanto a posições, clientes e decisões, afinal, ele só ficaria uma semana longe da empresa. E bastava uma ligação, que ele poderia resolver algum problema operacional.
Era o primeiro encontro da antiga turma do ginásio. Alguns amigos ele não via há anos, e a expectativa de um bom churrasco, lhe animava. Porém, ele teve que ir, até Goiás, em Rio Verde, pra buscar, um dos remanescentes da turma de 1993; Tiago. Eles haviam feito uma aposta, e como Márcio, havia perdido... Teve que dar carona, ao antigo colega.
Os dois haviam combinado um lugar comum; a rodoviária da cidade.
Márcio pegou o último retorno e entrou na cidade, muito bonita e movimentada, por sinal. Após algumas perguntas e enganos, enfim ele encontrou o acesso à rodoviária. De longe ele avistou Tiago, sentado num banco, com duas mochilas. Por um momento, lembrou dos tempos de escola:
“Bons tempos era só estudar, e jogar bola...”.
Realmente eram bons tempos. Nada de preocupações com casamento, trabalho, filhos. Era um ócio total.
- Fala fio!
Com algumas buzinadas, Márcio estampou um sorriso. Com um abraço, os dois se reencontraram, já fazia muito tempo que não se viam. Só alguns contatos por “MSN”, ou “orkut”.
- Então, Marcinho! Quanto tempo heim?!
- Poxa, é mesmo. A gente ficou velho. Você tá um lixo!
Tiago gargalhou alto, realmente algumas rugas, já lhe eram notadas...
- E você? Cadê o lutador de “taikondo”?
- É mesmo. Ele morreu!
Márcio já sentia seu corpo pesado. As muitas cervejas haviam deixado a silhueta de atleta para trás.
Os dois tomaram algumas cervejas, almoçaram e falaram sobre a vida. Tiago comentou de sua separação, disse que foi o melhor jeito de resolver algumas diferenças, mas sentia muitas saudades de seus dois filhos. Márcio lamentou aquilo, e pensou em sua esposa.
- E você, Márcio? Não tem filhos?
- Ainda não! Ta cedo né!?
- É. Cada casal tem seu tempo.
- As vezes pensamos em ter, mas não temos casa ainda. Quero um pouco mais de tranqüilidade.
Os quarenta minutos de almoço foi bom pra relaxar, espairecer. Já se passavam das três da tarde, quando decidiram pegar a estrada. Seria uma longa viagem, mais de 1000 km, até Rancharia.
- Vamos nessa então, Tiago?
- Vamos sim.
Em 35 minutos, já estavam na BR-364, Márcio mantinha uma velocidade média de 110 km p/ h., com seu GM Astra. Tiago, nessa altura, já dormia. A picanha havia caído muito bem.
- Acorda rapaz!
- O quê?
Tiago meio desnorteado, abriu os olhos vermelhos.
- Cara, preciso dormir.
- Que nada! Não durma. Fica acordado aí, pra gente conversar, estou morrendo de sono também.
- Ok! Você sabe de alguém daquela época, que já morreu?
- Acho que não. Mas, tem alguém?
Tiago fez a pergunta por fazer, na verdade, foi a primeira coisa que veio em mente. Ele se acomodou no banco e despertou.
- Então. Eu acho que tem sim, mas não me lembro do nome. É um cara.
- Foi do quê?
- Não sei. Ouvi dizer que ele ficou internado um tempo.
- Ah! Meu pai me disse. Parece que ficou louco. Mas não sabia que ele tinha morrido.
- Como era o nome dele, mesmo? Ele morava lá na Granja.
Alguns nomes foram citados, mas ninguém se lembrou, apesar de serem da mesma época, não eram da mesma “panela”.
- Meu pai me disse que sumiram duas primas dele. Aí a polícia investigou, mas não achou nada.
- Estranho, né?
- O mais estranho foi quando ele sumiu ou fugiu, não sei. Pensa bem, o cara é estranho, as duas únicas pessoas que moram com ele, desaparecem, e depois ele foge... Ficou fácil pra polícia resolver o caso.
- É, ele não participava de nada na escola. Mas, assassino?
- Sabe lá, isso foi em 2001. Depois ele se entregou e acabou condenado. Tinha um lance que ele só falava de “eixo”, algo assim, ele só falava disso. Foi baba pro promotor.
- Eixo! O cara tava doido mesmo.
- Se eu não me engano, as meninas desceram do ônibus e ninguém mais viu.
- Uma pena, talvez o cara nem fez nada.
- Quem sabe?
- Quando chegar lá, a gente toma uma por ele!
- Isso mesmo, Marcinho.
- Olha lá, estamos perto de Minas.
Uma placa no acostamento dava as distâncias para Uberaba e Uberlândia. Logo depois de São Simão, já era a fronteira entre Minas e Goiás.

Um celular Nokia vibrava em cima de uma cômoda. Na cama ao lado, um corpo repousava, imóvel, como se fosse um cadáver. Debaixo do edredom, Tiago ouviu o barulho e atendeu.
- Alô...
- Tiago? Onde você está?
- Hã!
- E o churrasco, estava bom?
- Churrasco? Que dia é hoje?
- Doze de Agosto. Era pra você ter voltado a trabalhar anteontem!
Tiago pensou um pouco, tentou se lembrar. A única que lembrava era de estar na estrada, onze dias antes.
- Tiago! Acho melhor você voltar depois do almoço. Ok?
- Sim, eu volto.
Com as mãos na cabeça, tentava recordar algo. Ligou pro seu pai, mas não atendia. Sua mãe estava com o celular desligado.
“Onde eu fui? Talvez o Márcio me explique isso”.
Dos muitos porres que já havia tomado, Tiago sempre se lembrava das situações, locais. Mas nunca houve um caso, onde havia se esquecido dos últimos dozes dias de sua vida.
- Alô! Márcio!
- Fala fio. Melhorou?
- Do quê?
- Do chilique.
- Cara, fala sério!
- Ué, você não se lembra?
- Lembra de que?
- Me fez ir até aí, pra depois dizer que não ia mais ao churrasco. Disse que não estava bem.
- Ah! Pára com isso. Chega de zoação!
- Cara, você realmente não está bem. Ah! Você se lembra do Plínio, que morava na Granja?
- O nome dele era Plínio! Isso mesmo...
- Então, o encontrei em São Simão, tá trabalhando num posto.
- O cara que morreu? O que matou as primas?
- Eita! O que voce anda bebendo? Tá num delírio só.
- Ah! Vai se foder!
Tiago não assimilava mais nada, desligou o telefone e decidiu dormir o resto do dia. Pensou estar sonhando e queria acordar logo...

O Silêncio

terrível silêncio; maldito
terrível momento que fui infame;
agora o que passa?
agora o que vem...


sou a Maria Madalena... a vagabunda,
me sinto assim agora.
por ter perdido a Maria.
terrível silêncio; amaldiçoado seja...


23 minutos que você foi,
pra nunca mais voltar;
pra nunca mais chorar...
perdi a Paz, perdi a mim mesmo.


o que eu faço?
pra quem eu choro...
pra quem eu digo...
o poeta está devidamente sepultado;
sob um pinheiro;
sob uma oliveira.


terrível silêncio; me consome
23 minutos atrás eu vivia;
22 minutos atrás eu morri.

Happy End

Cá estou, maltrapilho...
cá estou, cansado e com fome.
todas... o que são todas?
eu não consigo mais, mulher.


você quer isso;
você sente isso;
você quer isso?
vamos, sejamos sinceros.


é preciso isso... confiança nos meios;
que nos levam àqueles fins.
pedras doentes... habitam meus rins.


um copo de leite,
um copo de leite,
preciso do aço da foice...
que apóia o sonho,


me ilumina Senhor


onde quer que vá...
sejamos sinceros;
sejamos discretos;
seremos felizes...


no final do trajeto.
uma guerra dentro de mim;
uma vida que chega ao fim...
não há nada mais que me afague;
o x-burger não foi com a cara do Prozac.

Um clichê!

me falaram no interfone...
ainda lembro... daquela voz.
infelizmente... não mais
volte semana que vem.
estamos em recesso.


mas quem fez aquilo?
sinto falta do ar condicionado;
dos formulários mofados;
daquele decote... caído.


e agora? só me resta a saudade.

A Cavalgada de um Homem sem Olhos

aonde vais?
já não pode fazer isso...
está velho, quase cego...


aqueles sete anos... nos consumiram.
quem diria, heim?
um poeta tu virastes!
parabéns, o cogumelo na minha boca,
se contorce.


aonde vais?
já não tem mais ânimo.
já não tem mais tesão.
está manco e quase velho!


com quantas letras, José?
e agora, aonde vamos...
cansados, cúmplices...
mortos de fome.


o que eu faço?
o que eu faço?

Assassina - Vol. 4

sua faca continua acesa!
seus olhos ainda me consomem;
sabe, eu não ligo mais.
foda-se tudo.

lembro de ver alguém ali,
passando aquela pomada no rosto;
quem era aquela menina?
sabe, eu não ligo mais.

não tenho mais medo;
nem dor, nem receio.
apenas lamento sua agressão.
covarde, traiçoeira; como seus meios.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Mariana

Você veio depois da noite,
Uma noite ruim e amarga...
Seu sorriso com falhas;
Suas perguntas tão claras.


Não entendo o motivo de te merecer;
Você veio e me faz bem;
É minha mãe, e minha amiga...
Antes de você vir, eu quase perdi o trem.


Ainda tenho aquela roupa velha;
Mas você a lavou e a engomou.

Quem foi?

Quem foi que passou aqui?
Deixou seus brinquedos quebrados...
Seus sonhos enferrujados...
Não sei ao certo, mas ainda está aqui.


Aquele vinho continua guardado;
Esperando sua boca;
A minha boca continua seca...


Quem foi que passou aqui?
Levou tudo o que eu tinha...
Meu cão, meu pássaro, meu...
Devolva minhas lágrimas...

Aquela faca continua afiada,
Se pudesse aplaudir, o faria...
Mas meus pulsos perderam a sensação.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Bola de Carne

Ontem, ainda pela noite eu caminhei,
Carreguei algumas coisas,
Aquele livro de auto-ajuda, e meu bule...
Vejo que tudo o que eu sonhei,


Suas roupas ainda estavam na cama,
Aquele vestido de 15 de março,
Um belo vestido verde, ainda lhe cai bem...
Prometi não falar do que eu acho.


Lembra-se do Vizinho chato?
Dos seus cães barulhentos?
Eles não são mais problemas...
Uma bola de carne, com vidro moído.


Chamaram até a Polícia,
Mas fique calma, tenho um álibi...
O nosso Duque também comeu.


Estou de saída, deixo suas coisas com a Dona Lúcia,
Preciso de um tempo...
Seu vestido novo, teve um dano...
O laço eu tive que rasgar,
Nosso Duque não morria nunca...

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Assassina - Vol. 1

isso é certo?

usar essa arma tão covardemente...
um arpão arderia menos...
uma faca cega, ou um tridente.

esse ser é tão fraco,
covarde... em vão,
não faz mal a ninguém...
(só a si mesmo)

ainda não acredito em tudo isso...
quando descobri, fiquei pasmo.
você ainda não me disse...

A Porta do Inferno

diziam os grandes:
que sangrar em vão, por amor...
cabia aos tolos...
diziam os sábios:
a ignorância adoecia o homem,
o fim de tudo, não estava num livro...
e sim na falta dele.
diziam os bravos:
que o ardor da espada,
só os fracos temiam...
a verdadeira dor era temer a sua consequência...



você me disse ontem:
"também queria te amar"



diziam os fracos:
um herói morto, não vale a pena...
diziam os românticos:
amar por dois é possível...
o difícil é não amar...




disse o Diabo ao homem:
ser pequenino, ame, ame a todos...
ama a sua vida toda...
assim seu coração amolece, e sua carne fica mais tenra.