Um velho Fusca se aproximava lentamente... A sua lataria estava totalmente danificada, não havia conserto a ela, vários funileiros já haviam dito isso...
O veículo trafegava na rodovia, dando a impressão que passaria direto pelo Posto de Combustível que havia à margem... Num súbito movimento o motorista manobrou e estacionou.
Empoeirado e um tanto cansado, um jovem de estatura média e cabelos crespos, praguejou:
- Droga!
Ruben Rossi; um repórter “abelhudo”, na verdade ainda estava na faculdade, mas já
colaborava em alguns jornais. A sua “maior” reportagem era um artigo sobre os fenômenos atribuídos ao “eixo”.
“Jornais e revistas sensacionalistas não pregam conteúdo em suas matérias, apenas a manchete”.
Ruben havia ouvido isso de um redator e desde então o mandamento único era esse. Os tempos de primeiro ano na “facú” foram mágicos, cheio de repórteres-professores esquerdistas com suas idéias marxistas...
Uma franquia havia comprado os direitos sobre vários postos naquele trecho da Rondon. Apesar da rodovia estar em péssimas condições, a conveniência era muito sofisticada, com revenda de pneus, peças e borracharias de primeiro mundo, uma grande ironia.
Uma bela frentista veio em sua direção:
- Bom dia, em que podemos ajudar?
- Sim, um jornal e R$ 40,00 de gasolina.
- O jornal o senhor pode pegar ai na banca, por favor?
Ruben mal reparou na moça, mas quando ela caminhava em direção à bomba, notou os belos quadris. Estava atordoado. Passou a noite dirigindo; necessitava de uma cama.
Como era de praxe, preferiu um jornal “alternativo” a um “grande”. A manchete era categórica: “Ali Bassir: Morte ou Assassinato? – Crime choca SC”.
Após uma breve leitura, bebeu um pouco de café e tomou estrada...
“O que será isso? Meu Deus, às vezes tenho medo de não estar mechendo com uma quadrilha... Dê-me forças para ir fundo nisso. Temo acabar como os outros...”
A partir de um ponto, uns 10 km após o posto a rodovia se tornou movimentada... alguns caminhões cruzaram com o velho fusca. O jovem repórter se corroia de medo. Afinal era o único momento em que poderia mostrar-se com medo e frágil. Um repórter investigativo não teme ameaças, nem desafios...
A necessidade de ser aguerrido era constante, tanto que na última semana havia colocado em uma matéria o título: “E.I.X.O. VENHA ME PEGAR”. Já eram 20 mortes atribuídas à “quadrilha” e ele não queria ser mais um.
Sintonizou o rádio e ouvia uma música sertaneja, não se lembrava quem era o cantor, mas isso não importava... Mais uma daquelas histórias de traição. Olhando pro velocímetro via os 110 km/hora que o carro ia.
Á diante alguns motoristas tentavam ultrapassagens, e no rádio o locutor oferecia uma canção:
“Essa vai pro menino medroso que se escondia atrás de que acreditava em Alá...”
Ruben pisou imediatamente nos freios, mas não teve respostas...
(Continua)
O veículo trafegava na rodovia, dando a impressão que passaria direto pelo Posto de Combustível que havia à margem... Num súbito movimento o motorista manobrou e estacionou.
Empoeirado e um tanto cansado, um jovem de estatura média e cabelos crespos, praguejou:
- Droga!
Ruben Rossi; um repórter “abelhudo”, na verdade ainda estava na faculdade, mas já
colaborava em alguns jornais. A sua “maior” reportagem era um artigo sobre os fenômenos atribuídos ao “eixo”.
“Jornais e revistas sensacionalistas não pregam conteúdo em suas matérias, apenas a manchete”.
Ruben havia ouvido isso de um redator e desde então o mandamento único era esse. Os tempos de primeiro ano na “facú” foram mágicos, cheio de repórteres-professores esquerdistas com suas idéias marxistas...
Uma franquia havia comprado os direitos sobre vários postos naquele trecho da Rondon. Apesar da rodovia estar em péssimas condições, a conveniência era muito sofisticada, com revenda de pneus, peças e borracharias de primeiro mundo, uma grande ironia.
Uma bela frentista veio em sua direção:
- Bom dia, em que podemos ajudar?
- Sim, um jornal e R$ 40,00 de gasolina.
- O jornal o senhor pode pegar ai na banca, por favor?
Ruben mal reparou na moça, mas quando ela caminhava em direção à bomba, notou os belos quadris. Estava atordoado. Passou a noite dirigindo; necessitava de uma cama.
Como era de praxe, preferiu um jornal “alternativo” a um “grande”. A manchete era categórica: “Ali Bassir: Morte ou Assassinato? – Crime choca SC”.
Após uma breve leitura, bebeu um pouco de café e tomou estrada...
“O que será isso? Meu Deus, às vezes tenho medo de não estar mechendo com uma quadrilha... Dê-me forças para ir fundo nisso. Temo acabar como os outros...”
A partir de um ponto, uns 10 km após o posto a rodovia se tornou movimentada... alguns caminhões cruzaram com o velho fusca. O jovem repórter se corroia de medo. Afinal era o único momento em que poderia mostrar-se com medo e frágil. Um repórter investigativo não teme ameaças, nem desafios...
A necessidade de ser aguerrido era constante, tanto que na última semana havia colocado em uma matéria o título: “E.I.X.O. VENHA ME PEGAR”. Já eram 20 mortes atribuídas à “quadrilha” e ele não queria ser mais um.
Sintonizou o rádio e ouvia uma música sertaneja, não se lembrava quem era o cantor, mas isso não importava... Mais uma daquelas histórias de traição. Olhando pro velocímetro via os 110 km/hora que o carro ia.
Á diante alguns motoristas tentavam ultrapassagens, e no rádio o locutor oferecia uma canção:
“Essa vai pro menino medroso que se escondia atrás de que acreditava em Alá...”
Ruben pisou imediatamente nos freios, mas não teve respostas...
(Continua)
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